Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

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Governo de Mato Grosso

quinta-feira, 30 de abril de 2015

"ARTIGO : Olhos azuis e a política – 1'

No ano de 1994 viajei Mato Grosso inteiro, município por município, num Ford Pampa, junto com o jornalista Rui Matos, coletando informações para escrever um livro sobre a cara do Mato Grosso de então. Numa dessas viagens aproximei-me da família Maggi em Sapezal, que era apenas uma vila. Hospedei-me na casa deles, no meio de um capão de mato, ao lado do atual aeroporto. Era uma casa de madeira simples. Conheci o sistemático André Maggi, o patriarca da família, os jovens Blairo, Eraí,  Itamar, Pagot e duas irmãs. Foi uma semana de convivência e conversas políticas.
            Jantávamos na mesa de madeira na varanda, tomávamos vinho e a noite rolava com o tema de sempre: a política e história de Mato Grosso, que eles pouco conheciam. Naquele momento ainda vigorava uma certa distância preconceituosa mútua entre mato-grossenses natos e os “bugres de olhos azuis”, como eram chamados os migrantes que vieram do Sul e do Sudeste para Mato Grosso a partir dos anos 1970. Aliás, a expressão me foi dita pelo professor Nelson Pinheiro, tio do depois senador Jonas Pinheiro. Era delegado do IBGE e no censo de 1980, numa entrevista para a revista “Contato”, que  editava, perguntei-lhe que tipo de mato-grossense esperava no censo. Ele respondeu: “um bugre de olhos azuis”.
            Meu convívio com o pessoal de “olhos azuis” sempre foi grande, assim como com os “bugres” da definição do professor Nelson Pinheiro. Nas eleições de 1994  assessorava o deputado federal Rodrigues Palma candidato à reeleição. Ele cuiabano, restringia sua votação na Baixada Cuiabana. Depois de tantas viagens pelo interior, comentei com ele o potencial que nascia nas regiões da agricultura. E falei-lhe dos “olhos azuis” que logo, logo chegariam à política. Palma se reelegeu e teve a lucidez de incorporar um discurso mais abrangente do estado, incluindo o tema agrícola nas suas teses.
            Em 2003 Blairo Maggi chegou ao governo de Mato Grosso, como claro representante dos “bugres de olhos azuis”. Os quadros da política estadual mudaram completamente desde então. A Baixada Cuiabana dividiu o poder com eles e depois perdeu-o. Hoje recupera, mas em sintonia mútua.
            Pedro Taques elegeu-se governador. De parte “bugre”, incorporou a parte “olhos azuis” para se eleger e pra compor sua equipe de governo. Volto ao assunto amanhã. 
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
onforeribeiro@terra.com.br  www.onofreribeiro.,com.br

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