Os índios não querem ter
tratamento especial. Querem
apenas ser tratados como os
demais brasileiros. O recado
foi dado pelo índio Neguinho
Truká ontem, na sessão de
homenagem do Senado aos
povos indígenas.
— Não somos melhores
nem piores do que as demais
minorias deste país. O que
queremos é ter condições de
disputar de igual para igual
com o filho de quem vive na
favela, com o filho de quem
vive na fazenda, com o filho
de quem vive no centro da cidade
— disse o líder indígena.
O Dia do Índio se celebra em
19 de abril.
A sessão de ontem
fez parte da Semana de Mobilização
Nacional Indígena 2015,
de 13 a 16 de abril, organizada
pela Articulação dos Povos
Indígenas do Brasil (Apib),
com eventos em todo o país.
Os senadores também pediram
respeito aos direitos
dos índios. João Capiberibe
(PSB-AP) citou a carta enviada
no mês passado à presidente
Dilma Rousseff em que a Articulação
dos Povos Indígenas
do Brasil apresenta uma série
de reivindicações, como a
demarcação de pelo menos
20 áreas indígenas:
— O que querem os povos
indígenas é que o governo dê
continuidade à demarcação
de todas as terras indígenas,
muitas das quais estão até hoje
sem nenhum procedimento
demarcatório instituído.
Usando um cocar, o senador
Telmário Mota (PDT-RR)
disse que vivia na sessão “um
momento de muita alegria
e emoção”. Ele contou ter
nascido numa comunidade
indígena e só ter entrado na
escola aos 11 anos. A bisavó
mal falava português, mas era
fluente em macuxi.
— Eu dizia que chegaria a
esta Casa e usaria um cocar. Eu
quis fazer isso no dia da minha
posse — afirmou o senador.
Pedido de desculpa
Vicentinho Alves (SD-TO)
disse que em seu mandato
sempre tem tentado ajudar
os povos indígenas. Para o
senador, a causa é justa, pois
tem a ver com uma “parte
sofrida” do Brasil, esquecida
pela população e pelos polí-
ticos.
Ele afirmou lamentar o
preconceito que ainda existe
contra os índios.
— Todas as vezes que tenho
de me pronunciar sobre
temas indígenas, sou tomado
de alegria, pois ela justifica a
defesa de uma causa justa. Mas
também pondero que há um
pedaço do Brasil sofrido que
o Brasil não conhece.
Cristovam Buarque (PDTDF)
propôs ao Senado mais
sessões como a de homenagem
aos índios. Ele ressaltou
a necessidade da eleição de
índios para o Congresso.
O
senador lembrou o cacique
Mário Juruna, que foi deputado
federal, e disse que, se fosse
eleito presidente da República,
usaria o discurso de posse para
pedir desculpas aos índios:
— Eu iria pedir desculpas
aos velhos sem apoio e sem
aposentadoria, mas sobretudo
iria pedir desculpas aos povos
indígenas pelas maldades que
nós, os brancos, cometemos
ao longo de 500 anos.
Valdir Raupp (PMDB-RO)
cobrou do Congresso e do
governo uma reflexão sobre
as dificuldades dos índios:
— Clamo por uma ação
governamental e parlamentar
efetivamente estratégica
e integrada para desatar de
modo conclusivo os nós que
são atrelados às questões
indígenas.
Wellington Fagundes (PRMT)
parabenizou os índios
pelo esforço que fazem para a
preservação do meio ambiente
e pelo histórico esforço pela
integração do país:
— Se não fosse o trabalho
dos índios que estiveram aqui
com arco e flecha, talvez o
Brasil tivesse sido dividido em
muitos países.
Randolfe Rodrigues (PSOLAP)
lamentou o que chamou
de “genocídio” dos “verdadeiros
donos da terra”:
— Os índios têm sobrevivido
por teimosia e isso deve ser
celebrado.
Assessoria
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