Habitualmente participo de constantes conversas com pessoas de todas as idades e de todas as áreas da atividade social e profissional. Incluindo a sala de aula onde posso conviver com jovens. O clima pesado de crise está no ar e vem gerando crescente ambiente negativo. É como se um colchão de nuvens escuras estive parado sobre o Brasil entre o sol e a terra. Parece que o mundo acabou. Dia desses viajei em avião bimotor para o Norte de Mato Grosso. Cá embaixo, frio e nublado. Acima das nuvens, a 1.500 metros do solo, o sol brilhava como sempre brilhou. Sem pudor.
Numa reunião espiritualista recente o comentário foi de que até mesmo as energias superiores estão encontrando dificuldades pra apoiar transformações no Brasil porque as pessoas estão profundamente desesperançadas.
Sobre a desesperança diante da crise, gostaria de lembrar que há pouquíssimo tempo o Brasil olhava o sol diretamente. Mas gestões equivocadas e autoritárias criaram o tal colchão de energias ruins. Isso vai levar tempo pra mudar. A cada dia os economistas trazem panoramas mais desesperançosos. Agora se fala que 2015 foi perdido, como pedidos serão os anos de 2016 e 2017. Crescimento zero da economia.
Trago aqui uma conversa recente. Jantávamos na casa do Tiago e Mariana, ele meu filho mais moço, junto com o empresário Cláudio Gonçalves, diretor executivo da Atena RH Consultoria, sua esposa Valdete, e Carmem, minha esposa. O assunto crise veio à tona com o habitual ar de desesperança. Cláudio que assessora grandes empresas de diversas áreas na economia de Mato Grosso, citou exemplos de dificuldades da maioria delas no meio da crise, cada uma com as questões próprias do setor, mas todas atingidas. Foi quando ele citou um fenômeno que está emergindo da crise: a readequação.
Por readequação, explicou ele, entenda-se a revisão dos nossos valores atuais pessoais e institucionais, substituindo-os por outros mais duradouros e permanentes. Significa reconstruir todos os métodos de gestão, de consumo, de comportamento e a percepção nova para um tempo que ainda vai surgir depois dessa crise que ninguém sabe ao certo quanto vai durar.
O certo é que essa onda de pessimismo é profundamente didática. Num país que nunca enfrentou uma guerra de verdade, esses solavancos servem como lição de aprendizado coletivo. Desde aquela primeira conversa com Cláudio e sua esposa, tivemos a segunda em sua casa e agora falta na minha. Mas o termo readequação me vem à mente todas as vezes que ouço alguém reclamar da crise. É uma esperança tão necessária neste momento e no futuro próximo. Uma vacina contra o colchão negativo.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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