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Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

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domingo, 21 de fevereiro de 2016

"ARTIGO : As elites brasileiras – 3"

O artigo de ontem finalizou colocando o desafio da educação como fator capaz de produzir homens e mulheres em condições de liderarem um espírito brasileiro de liderança e de estabelecer um projeto de nação. Perguntaram-me ontem o que seria um projeto de nação. Respondo com três exemplos. A Universidade de São Paulo-USP, foi criada em 1932, por elites paulistas. Por trás o saldo da Revolução Constitucionalista e as necessidades da elite cafeeira de construir um projeto político para o estado de São Paulo. Hoje a USP é estadual e não federal. Mantém-se como excelência porque nasceu de um projeto macro-político. Seu papel seria formar os futuros líderes para a política e para a economia paulista.

            Outro exemplo foi a UnB - Universidade de Brasília, nascida em 21 de abril de 1962, com a missão original de apoiar a ocupação do Centro-Oeste brasileiro iniciada com a fundação de Brasília cuja construção começou em 1956 e inaugurada em 21 de abril de 1960. A idéia concebida pelo fundador, antropólogo Darcy Ribeiro, era a de que a UnB fosse como uma pedra jogada na água e produz círculos em série aberta. Ela seria a matriz de uma civilização legitimamente brasileira nascida de dentro pra fora do interior do Brasil. E, claro, formaria a base das lideranças econômicas e políticas desse futuro Brasil Central que desmistificaria a caricatura do Brasil litorâneo, dizia Darcy.
            Outro exemplo muito relevante foi a Universidade Federal de Mato Grosso, criada em 10 de dezembro de 1970. Seria um braço importante na ocupação da Amazônia que começaria três anos depois. Surgida com o significativo nome de Uniselva, deveria formar técnicos e lideranças políticas e econômicas a partir de Mato Grosso, para a ocupação da Amazônia. Produziria conhecimento científico e metodologias para uma região até então conhecida como “inferno verde” desde o século 19. O propósito inicial manteve-se até que as ideologias ocupassem o lugar da missão e a transformassem numa mera universidade periférica roubando-lhe a missão estratégica. Com isso deixou de formar os técnicos, os líderes e uma elite para uma economia então projetada e hoje concretizada. Essa economia construiu-se à margem da UFMT que ainda mantém uma posição antipática ao desenvolvimento econômico.
            Os três exemplos mostram que a formação de elites não se dá pelas riquezas familiares e empresariais. Riqueza gera outro tipo de elite. As elites que pensam o futuro nascem dentro da educação. O assunto continua.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
ribeiro.onofre@gmail.com    www.onofreribeiro.com.br

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