A transposição do rio São Francisco contará com soluções improvisadas e a água não será distribuída conforme o planejado. A falta de recursos e a restrição fiscal imposta pela crise econômica mudaram os planos em relação às obras e o interior do Nordeste continuará sem água.
Com as modificações, bilhões de litros que seriam despejados diariamente em canais de concreto terão como destino riachos e adutoras de menor capacidade, como explica a matéria publicada hoje (5) pelo jornal Valor Econômico.
No Ceará, pouco mais de 7 mil litros por segundo que deveriam sair do eixo norte para serem despejados no canal do Cinturão das Águas terão que ser derramados no riacho dos Porcos, localizado na região do município de Brejo Santo, que fica no sul do Estado.
De acordo com o ministro da Integração, Gilberto Occhi, a ausência do Cinturão vai resultar em perda de água, já que o riacho não tem a mesma eficiência do canal. A água também não chegará a regiões críticas do interior, como o Cariri, o Sertão de Crateús e Inhamuns.
O deputado nordestino Raimundo Gomes de Matos (PSDB- CE) afirma que desde quando foi implementada a comissão, em 2014, houve uma “total falta de planejamento entre o ministério e os estados”. “Há um descompasso em todos os setores na execução dessa obra. Já se gastou 8 bilhões de reais e o resultado é o que o próprio ministro está dizendo. Não vai atingir os objetivos que eram propostos. Isso por falta de planejamento, por falta de seriedade”, disse.
Gomes de Matos acredita que as obras da transposição foram superfaturadas e que as promessas do ex-presidente Lula durante a campanha eleitoral não passaram de “factoides”. “O Nordeste vai continuar sem ter água. Se você fosse no município de Jatí durante o período eleitoral encontraria 10 mil pessoas trabalhando na obra. Em novembro esse número diminuiu para mil pessoas”, observou.
De acordo com o parlamentar, muitos municípios que iam ser beneficiados com a transposição estão sendo abastecidos por caminhões pipas. “O que nós precisamos é que a população se mobilize para cobrar soluções definitivas. Está sendo difícil abastecer as cidades com carro pipa, com água de má qualidade”, afirmou.
O deputado ressalta que várias empresas estão deixando o Nordeste pela carência de água. “Tudo isso por falta de compromisso e visão do governo que falta com sua responsabilidade de garantir água não só para o consumo humano, mas também para o desenvolvimento da agricultura e da indústria”. Conclui.
Apesar da improvisação, Occhi diz que todas as obras complementares serão executadas. Ele afirma que a conclusão da transposição vai representar uma folga orçamentária apenas em 2017.
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