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sexta-feira, 4 de março de 2016

Há evidência de que Lula recebeu dinheiro desviado, diz MPF

Promotores citam casos de sítio e triplex e afirmam que ex-presidente foi um "dos principais beneficiários dos delitos" que ocorreram na Petrobras. Instituto Lula classifica ação da PF como “ilegal e injustificável”.O Ministério Público Federal divulgou nesta sexta-feira (04/03) detalhes sobre as suspeitas que pesam contra Luiz Inácio Lula da Silva. Em uma nota contundente e extensa, os promotores da Operação Lava Jato afirmam que o ex-presidente foi um "dos principais beneficiários dos delitos" que ocorreram na Petrobras e que as investigações revelaram evidências de que ele "enriqueceu" com o esquema de desvios.

Mais cedo, Lula foi levado coercitivamente por agentes da Polícia Federal para prestar depoimento em São Paulo sobre as suspeitas. O seu instituto, por sua vez, foi alvo de um mandado de busca e apreensão.
"O ex-presidente Lula, além de líder partidário, era o responsável final pela decisão de quem seriam os diretores da Petrobras e foi um dos principais beneficiários dos delitos. De fato, surgiram evidências de que os crimes o enriqueceram e financiaram campanhas eleitorais e o caixa de sua agremiação política. Mais recentemente, ainda, surgiram, na investigação, referências ao nome do ex-presidente Lula como pessoa cuja atuação foi relevante para o sucesso da atividade criminosa", afirmam os promotores.
Ainda segundo os promotores, existe também a suspeita de que Lula usou sua influência antes e depois do mandato para que "o esquema existisse e se perpetuasse".
Sítio e triplex
Na nota, o MPF cita os casos do apartamento triplex no Guarujá e o sítio em Atibaia, além de pagamentos feitos por empreiteiras envolvidas no esquema da Petrobras ao Instituto Lula e a empresa de palestras do ex-presidente.
Os promotores também detalharam um episódio envolvendo pagamentos que somaram 1,3 milhão de reais feitos pela empreiteira OAS entre 2011 e 2016. O valor foi para uma empresa contratada para armazenar pertences que Lula acumulou durante seu período na Presidência. Segundo a nota, houve uma tentativa de ocultar quem seria o verdadeiro proprietário, já que o recibo do pagamento da empresa que armazenou os itens informava que os objetos eram material de escritório de propriedade da OAS.
Sobre o apartamento no Guarujá, o MPF afirma que existem evidências de que o ex-presidente recebeu indiretamente "um milhão de reais sem justificativa" da OAS. O valor se refere ao que foi gasto pela empreiteira na reforma do apartamento. Lula nega ser o proprietário do imóvel, mas os promotores suspeitam que a OAS fez melhorias no local para presentear o ex-presidente e citaram que vários depoimentos apontaram a ligação e Lula com o apartamento.
No caso do sítio, do qual Lula também nega ser proprietário, os promotores apontaram que Jonas Suassuna e Fernando Bittar, cujos nomes aparecem na escritura, serviram de laranjas para ocultar o verdadeiro dono. O local também passou por uma série de reformas bancadas por empreiteiras que custaram pelo menos 770 mil reais.
"A suspeita, aqui novamente, é de que os valores com que o ex-presidente foi agraciado constituem propinas pagas a título de contraprestação pelos favores ilícitos obtidos no esquema Petrobras", diz o MPF.
Os promotores ainda apontaram que a maior parte do dinheiro que entrou no caixa do Instituto Lula e da LILS Palestras entre 2011 e 2014 veio de "empresas do esquema Petrobras" como a Camargo Correa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e UTC. "No Instituto Lula, foram 20,7 dentre 35 milhões de reais que ingressaram. Na LILS, foram 10 dentre 21 milhões de reais."
Polícia reforça segurança em torno do prédio do ex-presidente em São Bernardo do Campo (SP)
Por fim, os promotores do caso parecem ter demonstrando que sentiram o peso de investigar e pedir a condução de um ex-presidente da República. Segundo eles, a investigação sobre o ex-presidente "não constitui juízo de valor sobre quem ele é ou sobre o significado histórico dessa personalidade, mas sim um juízo de investigação sobre fatos e atos determinados".
"Dentro de uma república, mesmo pessoas ilustres e poderosas devem estar sujeitas ao escrutínio judicial quando houver fundada suspeita de atividade criminosa. Conforme colocou a decisão judicial, embora o ex-presidente mereça todo o respeito, em virtude da dignidade do cargo que ocupou (sem prejuízo do respeito devido a qualquer pessoa), isso não significa que está imune à investigação, já que presentes justificativas para tanto", finaliza a nota.
"Arbitrária, ilegal, e injustificável"
O Instituto Lula também divulgou uma nota sobre o caso e classificou a condução do ex-presidente pela PF como “arbitrária, ilegal, e injustificável".
"Nada justifica um mandado de condução coercitiva contra um ex-presidente que colabora com a Justiça, espontaneamente ou sempre que convidado. Nos últimos meses, Lula prestou informações e depoimentos em quatro inquéritos. (...) Por que o ex-presidente Lula foi submetido ao constrangimento da condução coercitiva?"
"O único resultado da violência desencadeada hoje pela Força Tarefa é submeter o ex-presidente a um constrangimento público. Não é a credibilidade de Lula, mas da Operação Lava Jato que fica comprometida, quando seus dirigentes voltam-se para um alvo político sob os mais frágeis pretextos."
Assim como o texto do MPF, a nota também faz referência à importância do ex-presidente. "A violência praticada nesta manhã – injusta, injustificável, arbitrária e ilegal – será repudiada por todos os democratas, por todos os que têm fé nas instituições e do estado de direito, no Brasil e ao redor do mundo, pois Lula é uma personalidade internacional que dignifica o País, símbolo da paz, do combate à fome e da inclusão social."
DW.COM

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