
“O mundo cerrado”, título do livro de poesias do escritor e jornalista Lorenzo Falcão, que mostra o cerrado como “um tronco do mundo a desfocar a imagem e encarquilhar o pensamento" pode ser uma boa interpretação para o que faz essa paisagem meio que suja, velha, do bioma mais antigo do planeta ser a inspiração para as telas de artistas plásticos como Miguel Penha, para a fotografia de Rai Reis ou para os contos e poesias do cuiabano Ivens Scaff.
A proposta deste conhecido fotógrafo é sensibilizar, unir a mensagem de conscientização do projeto “Água do Cerrado “ com um choque na paisagem urbana da capital mato-grossense, situada no berço das águas deste Brasil Central. Serão 10 fotos em tamanho grande acompanhadas de poesia. “Sempre quis usar a foto como arte de rua, disponibilizar arte para o cidadão. O que estou fazendo usa um pouco da linguagem do grafite, para criar o impacto”, explica.
A fotografia de paisagem para Rai Reis veio bem depois da consolidação da sua carreira como fotógrafo. “Eu sempre andei pelo mato, na natureza. Mas deixava a máquina em casa. Depois fui desvendando e passei a fotografar cerrado, pantanal, Amazônia”, conta. Da lente da máquina, Rai vê e retrata um cerrado homogêneo, “parece que está pedindo socorro. Quando o fogo passa, ele mostra a sua potência, renasce”, descreve. Por fim, promete mostrar com o projeto “Águas do Cerrado” um pouco do resultado de suas caçadas de imagens pelo cerrado. “Eu nunca sei o que vai sair, mas sempre tem um pouco do fator psicológico, uma extensão do inconsciente”, filosofa rindo.
O cerrado é a razão da essência do artista plástico Miguel Penha desde a sua infância. A partir de 1980, quando começou a retratar a tortuosidade das árvores, ele diz se inspirar num “cerrado resistente, com uma força e um poder inigualável e desconhecido, o dramático é a ação destruidora do homem, indiscriminada, sem conhecimento da importância do cerrado para o Brasil”, diz.
Telas do tamanho do cerrado que estrategicamente podem trazer a mata pra dentro de casa e o retrato fiel do que já foi o maior bioma do território brasileiro. “Meu prazer é pintar o que gosto, o que vejo, mostrando assim a força do cerrado, e daí as pessoas passam a conhecer e quem sabe valorizar o bioma. Quem compra, o faz por amor e respeito, e em muitos casos ficam maravilhadas com a beleza do cerrado, com as cores, a luz e cada detalhe colocado na tela, onde meu conhecimento indígena sobre a vegetação aflora em cada pintura”, ressalta Rai.
Exposição Águas do Cerrado – Arte de Rua de Rai Reis
Local: Praça da Mandioca- 24/06 – Rua Pedro Celestino - Cuiabá
Praça Dom Wunibaldo- 25/06 - Chapada dos Guimarães
Foto: Jana Pessoa
Equipe Yod Comunicação Integrada
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