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domingo, 5 de novembro de 2017

"ARTIGO: O Rapto das Sabinas"

Resultado de imagem para MARTA SUPLICYA moralidade, impregnada de visão de certo e errado, dogmas religiosos, sempre existiu e persiste. Diferentemente da época da minha avó, que mandou cobrir com folhas de parreira as partes íntimas da estátua O Rapto das Sabinas que ornava a piscina da fazenda, nós, crianças, usávamos os musculosos braços da estátua como trampolim. Hoje, temos cidadãos de bem que acreditam piamente que a exposição de um corpo nu em obra de arte causará danos às crianças. Quem são essas pessoas, vítimas de um movimento? Seria melhor perguntar quem são e o que pretendem os incentivadores desse falso moralismo. Falso porque duvido que acreditem no que apregoam sobre os perigos da arte para as crianças, ou seja, tão desinformados a ponto de chamar um artista que se expõe, como escultura viva, de pedófilo. Psicólogos e psicanalistas sabem muito bem a seriedade de uma perversão como a pedofilia, que, além de tudo, é crime! Assim como têm conhecimento de que uma criança exposta à nudez em obras de arte ou performances em museus não será afetada negativamente por tal exposição. Podem até provocar perguntas curiosas que os pais respondem, ou não, de acordo com a pergunta e a idade da criança. Como o fazem em seus lares, diante de cenas de TV, ou se a criança adentra o quarto dos pais inoportunamente. Sexo faz parte da vida e, na arte, atua como uma expressão de manifestações da natureza humana. Estamos rapidamente entrando em um clima de retrocesso civilizatório. Inicialmente percebido na dificuldade em se aprovar, no Congresso, projetos relacionados a direitos vitais para grupos minoritários e/ou vulneráveis, assim como recentemente com as proibições, em câmaras municipais, da introdução da questão de gênero nas escolas —o que já fazíamos com educação sexual nas escolas na gestão de Luiza Erundina em São Paulo (1989-1993), a convite de Paulo Freire, então secretário de Educação. Há mais de 30 anos, esses temas, profundamente ligados à condição da subordinação feminina, já eram discutidos na TV Mulher, na TV Globo. As Senhoras de Santana e os generais reclamavam, a censura obrigava a enviar os textos para apreciação prévia.
Quebrávamos tabus naquele momento, saíamos de uma ditadura, seria até esperada uma reação, mas foi superada, e o benefício para as mulheres foi enorme: “um antes e depois” neste país de dimensão continental e com tantas e tão extremas desigualdades. Esperávamos nunca mais reviver isso! Hoje, o processo é diferente, pois, aparentemente moralista, é falso e serve a um desabrido oportunismo eleitoral. Esse movimento que se denomina MBL, motor instigador dessa reação moralista ensandecida, não tem representatividade para, através de propostas reais para o país, se projetar. Manipula, então, a boa-fé de alguns, o profundo desconhecimento sobre sexualidade de outros, o medo que os pais sentem pelos perigos que os filhos vivem diariamente diante da escalada da violência e da ausência de segurança. Acrescentem a essas inseguranças o receio ao desemprego, a raiva frente à corrupção que corrói a sociedade e aos políticos acusados. Esses sentimentos podem gerar forte sensação de impotência e serem negativamente instrumentalizados. O prato está pronto. Resta saber que propostas serão oferecidas para a qualidade de vida do cidadão, sem esquecer o caminho de outros momentos da história mundial, nos quais a censura à arte foi precursora da proibição à livre expressão, com terríveis consequências para a humanidade.
Marta Suplicy Senadora pelo PMDB-SP; foi prefeita de São Paulo (2001-2004), ministra do Turismo (2007-2008) e ministra da Cultura (2012-2014)

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