A servidora está prestes a completar 31 anos de carreira na rede Educação do município. Whaam! Toca a sirene de intervalo da Escola Municipal de Educação Básica (Emeb) Prof. Carlos Alberto Reyes Maldonado, do bairro Jardim Imperial, bem no momento em que a servidora da Prefeitura de Cuiabá, Vânia Cristina da Silva Venega, também diretora escolar da unidade, menciona estar prestes a completar 31 anos de carreira na rede Educação do município. Vamos do princípio: graduada em Pedagogia e pós em Psicopedagogia, Vânia conta, em meio à gritaria e barulho de mais 400 crianças em recreio, quando iniciou a carreira no funcionalismo público.
“Foi 16 de março de 1987”, falou com de boca cheia, como diz a figura de linguagem. Recém-aprovada no concurso para professora de Ensino Fundamental, e recém-completada a maioridade (18 anos) explica o porquê da paixão pela rede pública municipal de Educação. Ainda com 17 anos, após terminar de cursar o 2ª grau, Vânia foi sondada no magistério pelos seus coordenadores os quais expressaram o interesse de levar a jovem e promissora professora a lecionar em um importante e tradicional colégio particular da capital. Porém, o seu desejo não era de dar aula para crianças de classe familiar alta, então optou pelo cargo de concurso público e foi lecionar na escola pública do bairro Osmar Cabral, região carente de Cuiabá. “Eu tinha e tenho uma paixão tão grande por crianças e queria ficar perto daquelas que eu sentia aquela coisa vibrante dentro de mim para eu poder oferecer meu carinho, minha atenção e o meu trabalho”, externou com o sorriso estampado no rosto. Na época, a juventude quase lhe compromete. O diretor escolar da unidade do Osmar Cabral da época recusou à aceita-la, pois, segundo ele, Vânia ainda era uma criança pela pouca idade e a baixa estatura física. Ainda a questionou se seria capaz de ministrar as aulas. “Eu passei no concurso e vou assumir minha sala”, retrucou ao relembrar o episódio.
Esse foi o começo da trajetória de 21 anos como educadora com passagens em outras unidades escolares do município. A última em que esteve em sala de aula é mencionada pela servidora com muita satisfação. Foi na escola Agostinho Simplício de Figueiredo, do bairro Poção, que veio a ser tornar gestora escolar. Segundo ela, os educadores precisam manter algo que se perdeu hoje em dia, o carisma. Na avaliação da profissional, a empatia entre educador e educando faz toda a diferença no resultado final. “Um simples conteúdo quando você vai ensinar se torna muito mais atrativo quando existe essa questão da empatia entre o professor e o aluno”, exemplificou. Ao longo de seus 19 anos como professora sempre se dedicou a manter essa inteiração com seus alunos. Hoje Vânia possui ex-alunos médicos, advogados, enfermeiros e alguns com posições de destaque na sociedade. “Esses dias meu filho mais velho precisou fazer uma cirurgia e me ligou e contou que a fisioterapeuta era minha ex-aluna e não parava de falar de quando eu era professora”, contou com o sorriso no rosto de dever cumprido. Foram 19 anos prestados ao ensino direto a alunos da unidade quando então, em 2008, recebeu o convite da equipe gestora para assumir como articuladora o programa Educa Mais, hoje Novo Mais Educação. Dois anos mais tarde lançou seu nome como candidata a direção escolar sendo muito bem eleita pela comunidade dos bairros Poção e Dom Aquino. São quase oito anos divididos entre a coordenação e direção escolar e Vânia ainda mantém a mesma paixão pela educação de quando era jovem. Diz ser “gratificante” e explica o porquê: Sua experiência em sala de aula lhe mostrou as limitações, pois muito se dependia da direção escolar para uma ação mais relevante e quando se está à frente da escola se tem uma visão mais ampla e o trabalho converge para colocar a ação do professor em prática. “O gestor é aquele que fornece o suporte para o trabalho pedagógico ser desenvolvido com eficiência”, definiu com propriedade de anos de experiência. Vânia se aprofunda mais como quisesse voltar no tempo e avalizar todas as ideias quando ainda era uma jovem professora. “O trabalho do diretor nada mais é do que do processo que faz as ações dos professores se efetivem”, explicou e citou que tudo envolve diretamente as áreas pedagógica, administrativa, humana e financeira.
Humanização
No ponto de vista da diretora, a humanização do serviço público, principal mote de gestão do prefeito Emanuel Pinheiro, está além do processo educacional, uma vez que a educação municipal atende crianças em uma faixa etária muito vulnerável e, segundo Vânia, é precisa estar atento a detalhes como, por exemplo, a questão social. “É aonde precisamos articular junto a outros órgãos que possam nos auxiliar para que a criança e sua família não passem por momentos difíceis. Humanizar é estar atento a isso”, classificou. Whaam! Novamente a sirene toca indicando o final do intervalo. A diretora aproveitar para ir ao pátio da escola. Foi como jogar ração em um rio repleto de peixes o que faz todo o cardume ir massificamente em direção ao alimento. Vânia é rodeada de crianças e a imagem traduziu toda a paixão e empatia tanto defendida pela educadora. Ao longo de nossas vidas tivemos diferentes tipos de professores: motivadores, vocacionais, estimulantes, autoritários, entre outros, e se fizermos uma busca temporal da época escolar, notoriamente, vamos dar razão para Vânia, pois aquele professor que mais nos identificávamos era o qual obtivíamos o melhor desempenho. Mãe de dois homens e casada há 16 anos, aos finais de semana à busca é pela tranquilidade e o destino é “na minha Chapada dos Guimarães”, como ela mesma define. Caseira, também aprecia cinema e teatro, hobbys comuns de uma educadora nata.
Perfil
A proposta de valorização do servidor público da gestão Emanuel Pinheiro levou a idealização da série Perfil, qual é baseada no gênero literário do jornalismo (perfil) que possui características narrativas de um determinado personagem, no caso o servidor, com relatos de vidas e histórias, tanto da carreira funcional pública quanto pessoal. Deste modo, a cada semana o portal da prefeitura protagonizará um servidor e a sua história, pois uma gestão humanizada se trata, principalmente, da figura humana.
RUAN CUNHA
Jorge Pinho
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