Um dia depois de ter nomeado o novo Executivo, Emmerson Mnangagwa substituiu os ministros da Educação e do Trabalho. A medida é considerada uma resposta à onda de críticas gerada pela composição do Governo.O novo Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, recuou na nomeação do seu ministro da Educação, um dia depois de ter reconduzido Lazarus Dokora num Executivo que dá posições de destaque a oficiais do Exército.
Empossado a 24 de novembro, depois da demissão de Robert Mugabe após uma intervenção militar, Emmerson Mnangagwa está na mira dos críticos pela formação do seu Executivo.Analistas e cidadãos zimbabueanos esperavam um Governo mais abrangente, que rompesse com a era Mugabe. Mas Mnangagwa "reciclou" vários oficiais e dois nomes, em particular, estão a causar descontentamento: o do titular da pasta dos Negócios Estrangeiros, Sibusiso Moyo, que a 15 de novembro anunciou a intervenção militar na televisão estatal, e o de Perrance Shiri. O novo ministro do Território é conhecido por ter liderado uma unidade militar que terá alegadamente cometido atrocidades durante a repressão de uma rebelião na província de Matabeleland, no início dos anos 1980, que resultou na morte de 20 mil pessoas. O novo Executivo, que deverá ser empossado na segunda-feira (04.12), fica também marcado pelo regresso de Patrick Chinamasa ao cargo de ministro das Finanças, apesar de o seu desempenho ter sido fortemente criticado no passado.
Entretanto, o líder da oposição zimbabueana, Morgan Tsvangirai, considera que o novo Presidente do Zimbabué tem "muito pouca margem" para ir ao encontro das expetativas de mudança no país, sobretudo a um ano das eleições.Em entrevista à agência noticiosa Associated Press (AP), em Harare, Tsvangirai defendeu que o novo chefe de Estado, que sucedeu há quase uma semana a Robert Mugabe, afastado na sequência de um golpe militar, terá "muitas dificuldades" em "convencer seja quem for" de que a nova liderança do país vai melhorar a situação rapidamente, sobretudo a crise econômica que assola o país. O líder da oposição zimbabueana, que chefiou, ao lado de Mugabe, uma inédita coligação governamental após as eleições presidenciais de 2008, votação marcada por atos de violência, confrontos e ilegalidades, afirmou não ter qualquer dúvida de que a liderança de Mnangagwa não trará alterações significativas ao atual panorama político, econômico e social.
"O Presidente tem de demonstrar que é diferente de Robert Mugabe, que algumas das políticas críticas que pretende impor são diferentes das que foram implementadas nos últimos 10 anos", sublinhou Tsvangirai. "Deem-lhe tempo, mas penso que tem uma janela muito pequena, uma vez que as expectativas (da população) são muito grandes".
AFP, Reuters, mjp/cp


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