
"Manobra da virada"
A CDU também era a favor de um novo pleito, mas pretendia ganhar tempo, a pretexto de "resolver os problemas urgentes do país". Em seu programa de governo, a nova coalizão governamental formada por CDU, CSU e FDP propunha o dia 6 de março de 1983 como provável data para as eleições. O SPD suspeitava que os liberais estavam apostando no esquecimento dos eleitores, para não serem castigados pela "manobra da virada". Um problema jurídico complicou ainda mais a situação: a Constituição alemã não prevê novas eleições para o caso de aprovação de um voto de desconfiança. Restava a Kohl a possibilidade de renunciar ou recorrer a uma artimanha política. O novo chanceler lançou no Parlamento o voto de confiança, tendo obtido anteriormente a garantia da abstenção dos deputados da CDU/CSU.
Malabarismo constitucional
O procedimento foi questionado no Bundestag, não apenas por parlamentares da oposição. Até mesmo políticos governistas criticaram a manobra de Kohl. Um dos argumentos era que "amigos negavam indiretamente uma confiança que amanhã voltariam a depositar no chefe de governo. Esse tratamento dado à Lei Fundamental é indigno de uma democracia parlamentarista. A aprovação de novas eleições a toque de caixa não pode ser mais importante do que o respeito à Constituição". Kohl, no entanto, não via problema algum em fazer certos malabarismos constitucionais para cumprir sua promessa. "A objeção de que a Constituição foi manipulada para viabilizar a convocação de novas eleições não tem fundamento. Após avaliar todos os principais pontos de vista, convenci-me de que o caminho pelo qual optei está de acordo com a Lei Fundamental", disse. No mesmo dia, o chanceler propositadamente fracassado pediu ao presidente alemão a dissolução do Parlamento. No dia 7 de janeiro, o chefe de Estado, Karl Carstens, dissolveu o Bundestag e convocou as eleições antecipadas para 6 de março de 1983. Kohl saiu vitorioso do pleito, permanecendo no poder até 1998.
Rachel Gessat (gh)cp
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