Ministério Público do Estado de Mato Grosso

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sábado, 3 de fevereiro de 2018

"ARTIGO: A esquerda fora do segundo turno?

Resultado de imagem para Ricardo Cappelli  Jornalista, especializado em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV"É razoável considerar que um candidato petista tenha dois dígitos, entre 10 e 15%. Uma transferência de quase 50% dos 37% que Lula tem na pesquisa. Mais que isso é futurologia". Ler pesquisa de acordo com os seus interesses pode acabar distorcendo a realidade. É foto do momento. Um momento de grande instabilidade. Lula é um fenômeno que organiza e desorganiza o jogo. Sua prisão é uma possibilidade real. Seu encarceramento vai fortalecer o Mito? Tirá-lo de circulação e do noticiário vai fazer seus números derreterem? O Lulismo não tem coloração ideológica. É maior que qualquer partido. O PT continua sendo o primeiro na preferência nacional. Entretanto, isso não garante uma transferência automática de votos para um petista. O voto é no Lula. “A pesquisa diz que sua influência é enorme.” Verdade. Considere, entretanto, tratar-se neste momento do eleitor que está frustrado, um lulista no “calor da perda.” Mas, e a Dilma? Lula estava no poder com cerca de 90% de aprovação. Pôde se dar ao luxo de eleger uma candidata que errava o nome de todos e não completava dois parágrafos transmitindo um mínimo de emoção. Esta é a situação agora? São vários os casos de candidatos que abusaram de colocar Lula na TV como cabo eleitoral e naufragaram. Existem exemplos para todos os lados. É razoável considerar que um candidato petista tenha dois dígitos, entre 10 e 15%. Uma transferência de quase 50% dos 37% que Lula tem na pesquisa. Mais que isso é futurologia. Circula que o baiano Wagner não teria topado. Haddad começaria sendo surrado na própria casa pelo PSDB. Ciro cresce quando Lula sai. Sem outro candidato do PT no jogo pra valer é difícil saber se isso será sustentável. É um nome nacional muito qualificado. Até agora continua isolado. Nos melhores cenários sem Lula fica em torno de 13% dos votos. Bolsonaro parou de subir mas não caiu, mesmo após ter apanhado bastante. Demonstra resiliência. Pode estar sendo escolhido pela direita como adversário. Com 18% dos votos pode garantir uma vaga na disputa final. É um sparing de luxo, o sonho de segundo turno de todos. Na disputa com a Avenida Paulista, a Globo saiu na frente. Huck é o principal vencedor da amostra. Sem ser candidato empata com Alckmin. O governador paulista parte de um “estado-nação” muito forte. É o preferido da Banca. Se não conseguir deslanchar logo a especulação em torno da operação Huck-Globo vai aumentar. Marina é o plano C da Banca. Sem partido, isolada, é um nome na mão do mercado que pode ser sacado em caso de naufrágio de Geraldo ou da desistência definitiva do apresentador global. Manuela surpreende chegando a 3% em alguns cenários. Isolada, como todos da esquerda, é uma promessa com um desafio gigantesco pela frente. Quando Lula sai temos 32% de brancos e nulos. Segundo os diretores do Datafolha, um fato histórico. A saída de Lula adiciona 13% aos brancos e nulos. É a materialização da política de destruição da política. Um buraco pensado, com o objetivo deslegitimar a democracia para fortalecer o mercado e os setores antinacionais da burocracia estatal. Para onde vão estes 13% de brancos e nulos saídos de Lula? Setores da esquerda acreditam que estão estacionados “numa vaga” esperando o ex-presidente indicar o nome. Para a direita estão na mesma vaga, só que a espera do “novo”. A grande mídia vai estimular a divisão na esquerda. Interessada na pulverização vai dar espaço maior para todos os candidatos. Podemos ter quatro candidatos da esquerda. PT, PDT, PCdoB e mais algum do PSOL. Sendo otimista, dois candidatos de um dígito e dois de dois dígitos, com teto de 15%. Ocupariam todo o espaço deste espectro político. E ninguém iria para o segundo turno. O campo conservador, cedo ou tarde, vai se unificar e colocará pelo menos 20% dos votos em algum candidato. Se ficar difícil, Marina, o Plano C, está à disposição. A esquerda unida vai ao segundo turno e pode ganhar a eleição. Dividida pode ser esmagada e acabar em casa vendo, desolada, uma disputa entre o fascismo e a direita. Diante da defensiva absurda, da hipótese real de prisão de seu principal líder, por que não unidade desde já em torno do Programa de uma Frente Democrática? Nomes e espaços partidários enquanto o país afunda e a democracia é assassinada? A unidade é uma exigência histórica. Se não se der nas urnas, pode acabar acontecendo na prisão e na derrota. Que Brizola, Arraes e Amazonas nos iluminem. E joguem muita luz principalmente sobre a cabeça de Lula.
Ricardo Cappelli Jornalista, especializado em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Foi secretário nacional de Esporte Educacional e de Incentivo ao Esporte nos governos Lula e Dilma. Ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), é tricolor e Vila Isabel de coração. Exerce atualmente o cargo de secretário chefe da representação no DF do governo do Maranhão

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