
Na sequência da morte na prisão de Ebbe Ela e da detenção arbitrária de mais de 130 pessoas depois das últimas eleições, a União Europeia (UE) considerou na segunda-feira que há uma "grande deterioração da situação dos direitos do homem", na Guiné Equatorial. "As restrições à liberdade, as prisões, em particular de opositores políticos desde novembro de 2017, suscitam grandes preocupações", afirmou Catherine Ray, porta-voz dos serviços externos da UE, numa declaração publicada no site da organização europeia. Até agora, lê-se ainda no comunicado, "mais de 130 pessoas foram dadas como arbitrariamente detidas" e a morte de Ebee Ela, do partido da oposição Cidadãos pela Inovação, "confirma a séria deterioração da situação dos direitos humanos no país". Apela, por isso, a uma investigação rápida e adequada às causas da sua morte. Andres Esono Ondo pede à UE em particular e à comunidade internacional em geral "maior pressão", no sentido de ser realizado um inquérito internacional para se saber o que realmente aconteceu a Ebbe Ela. "Não é o primeiro assassinato do gênero que acontece nas celas daqui, mas desta vez pedimos à comunidade internacional para que exerça pressão sobre as autoridades de Malabo para que este inquérito tenha lugar", sublinha. Questionado sobre se a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), organização da qual faz parte a Guiné Equatorial, não seria a mais indicada para realizar este inquérito, Esono Ondo diz "não compreender como a CPLP aceitou ter no seu seio a pior ditadura de África." "Com o dinheiro do petróleo, o senhor Obiang compra a vontade das pessoas na Guiné Equatorial e no estrangeiro. Somos um pequeno país com menos de um milhão de habitantes, mas uma nação muito rica em petróleo e outros recursos. E assim sendo, a comunidade internacional prefere privilegiar as relações econômicas com o regime Obiang, em detrimento do respeito pelos direitos do homem", critica o dirigente.
Posição de Portugal
Portugal transmitiu ao Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE, no poder) que as "alternâncias governativas" devem respeitar a Constituição, as leis fundamentais e os processos democráticos", noticiou a agência Lusa, citando uma fonte do Ministério português dos Negócios Estrangeiros (MNE).
Essa posição foi defendida na semana passada quando o encarregado de Negócios de Portugal em Malabo "foi chamado para um encontro com a direção do partido no poder na Guiné Equatorial, procedimento que segundo ainda a diplomacia portuguesa "foi seguido pelas autoridades de Malabo para com a generalidade do corpo diplomático acreditado em Malabo". A página oficial do Governo da Guiné Equatorial dá conta desse encontro, alegando que o representante de Portugal "condenou os factos terroristas que fracassaram na Guiné Equatorial". Um encontro que a oposição em Malabo diz desconhecer.
António Rocha, Agência Lusa/cp
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