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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

"Que tiro foi esse? O vampiro deu um cavalo de pau"

Resultado de imagem para Paulo José Cunha é professor, jornalista e escritor."Temer, que não tinha nada a perder, partiu para o tudo ou nada. Com índices de aprovação abaixo do pré-sal, acusado de golpista e corrupto, enrolado até os ossos num caminhão de denúncias de falcatruas, vinha apanhando que nem boi ladrão. Mas, neste instante, não está mais nas cordas",A intervenção no Rio pegou Deus, o mundo e as respectivas vizinhanças de surpresa, à direita e à esquerda. Em toda parte, ouviu-se um grito só: – Que tiro foi esse?, diante do cavalo de pau. O governo era um carro desgovernado e sem freio, largado na buraqueira da impopularidade, o abismo se aproximando quando, de repente, brrrrrrrroarrrrrrr!, o motorista deu um tranco na direção e o carro, quase capotando, conseguiu parar com dois pneus no abismo e os outros quase estourando, roídos pelo asfalto. Vai demorar pra tirar a poeira dos óculos e entender o que aconteceu.
Nem houve tempo para debates internos. Em dois dias o decreto foi assinado e aprovado pelo Congresso. Cada partido reagiu no piloto automático, tipo: se é coisa do Temer, governistas votam a favor e oposicionistas votam contra. Agora, PT, PCdoB e Psol estão tendo de rebolar a padaria pra se explicar à opinião pública, que vem há anos numa ansiedade crescente por alguma medida, fosse qual fosse, de combate à bandidagem. Vão ter de engolir um coco pra convencer o povo – leia-se: os eleitores – de que agiram corretamente quando votaram em plenário contra o cavalo de pau de Temer. Porque é inegável que a intervenção tem caráter eleitoreiro, sim. É oportunista, sim. É uma temeridade, sim. Mas eles têm de reconhecer que se trata da primeira medida concreta de combate ao estado de violência adotada nas últimas cinco décadas, incluindo-se aí os governos petistas, que, tal como todos os outros, empurraram o assunto com a barriga. E a intervenção, queiram ou não queiram, tem um forte apelo emocional – e eleitoral.
Tiveram de comer o bolo
Mesmo em setores fiéis ao governo, o ato despertou desconfianças. Inclusive entre os militares, que vão operar a intervenção na prática. Rodrigo Maia, candidatíssimo ao Palácio do Planalto, tinha pautado o tema da segurança desde a abertura dos trabalhos do Congresso. Não chegou a preparar o bolo dele quando Temer tirou o dele do forno e pôs na mesa. A contragosto, teve de mordê-lo. Bolsonaro ficou contra, de início, ao perceber que Temer lhe tinha roubado a bandeira da segurança. Terminou também engolindo uma fatia grossa do bolo, ainda quente. E a oposição? A oposição até agora está tentando entender que tiro foi esse, de onde veio, pra onde é que a gente corre, limpando os óculos pra ver se enxerga alguma coisa. Também não sabe explicar como foi que o boxeador que sangrava horrores saiu das cordas e voltou ao centro do ringue.
Vão trocar o pneu com o carro andando
Como a medida será executada? Sabe-se lá! Nem os que a imaginaram e gestaram sabem o caminho a seguir. Como é inédita, não existe bula, receita, protocolo ou roteiro. Vão ter de trocar o pneu com o carro andando. Como as forças federais vão agir? Quais os seus limites? Por onde começarão? Cercando os morros? Revistando escolas? E os militares, vão fazer baculejo ou vão deixar a polícia cuidar disso? Ninguém do governo tem resposta concreta a qualquer uma dessas perguntas. E os efeitos colaterais? Vai morrer gente inocente? Sim, vai ter muito efeito colateral, afinal trata-se de uma guerra, admitem os responsáveis pela intervenção. O ministro da Justiça Torquato Jardim, que vem montando na moita o decreto da intervenção com Temer, Padilha e Moreira desde novembro, lembra que em toda guerra morre gente. E a morte de inocentes em consequência dos confrontos com os fuzis do narcotráfico não é novidade, está nos noticiários de todo dia, embora uma coisa não justifique a outra.
A Guerra de Temer
A verdade é que Temer, que não tinha nada a perder, partiu para o tudo ou nada. Com índices de aprovação abaixo do pré-sal, acusado de golpista e corrupto, enrolado até os ossos num caminhão de denúncias de falcatruas, vinha apanhando que nem boi ladrão. Mas, neste instante, não está mais nas cordas, mesmo reeditando a velha fórmula da criação de um conflito para resgatar a popularidade em baixa, como Bush fez criando a invasão do Iraque, para ficar num único exemplo. A guerra de Temer é no Alemão, na Rocinha e no Vidigal.
Dará certo? Conseguirão vencer o exército do narcotráfico? Olha, se Deus disser que sabe a resposta, eu me reservo o direito de duvidar d’Ele. Porque tudo ocorre no campo do imponderável, tantas são as variáveis, tantas as nuances e complexidades, tantas as forças em disputa e tantos os atores envolvidos, todos – TODOS – despreparados para enfrentar um desafio dessa ordem. Quem disser que sabe o que vai acontecer daqui pra frente está, apenas, mentindo. Temer deu um tiro no escuro, sem saber pra que lado está o alvo, se é que existe um alvo, numa reação típica de alguém acuado que precisava fazer alguma coisa – qualquer coisa – e fez. Vai ter de explicar à história e ao país que tiro foi esse.
Paulo José Cunha é professor, jornalista e escritor.

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