
Nesse jogo de indefinições navegam opções para todos os gostos. O deputado militar de reserva Jair Bolsonaro conseguiu, de saída, arregimentar os votos e a simpatia da ultradireita com mensagens radicais. Não possui nenhum programa de governo concreto – como ele mesmo admitiu – mas surfa na onda do “nós contra eles” trazida pelos petistas. Correndo na margem, nomes como Marina Silva – que vai se transformando na eterna herdeira de votos que morre na praia – e Ciro Gomes tentam encontrar alguma simpatia no eleitorado. O fiel da balança, mais uma vez, será dado pelo PSDB. No ninho tucano, o nome consolidado e reverenciado pela cúpula é o do governador paulista, Geraldo Alckmin. Ele provavelmente ainda terá de enfrentar prévias internas com o amazonense Arthur Virgilio, que insiste em se apresentar como alternativa.
Alckmin pavimenta um bom caminho rumo ao poder. Discretamente, nos bastidores, vai fechando acertos de apoios decisivos e planeja, logo após deixar a gestão estadual em abril, iniciar uma forte ação de apresentação em regiões do norte e nordeste, onde é menos conhecido. Não está descartado um circuito de visitas por lá, nos moldes das caravanas de Lula. Em uma eleição acirradamente disputada como essa vai fazer toda a diferença cada voto conquistado. O eixo de concentração de eleitores também está mudando de lugar. Em 2014, nas últimas majoritárias, a região Sul contava com um maior número de votantes que as regiões Centro-Oeste e Norte do País. Segundo o IBGE isso virou e pela primeira vez os dois polos contarão com uma presença mais significativa nas urnas, o que pode botar de ponta-cabeça a contagem final. O Brasil, claramente, como preconizou o ex-presidente Fernando Henrique, está à procura de líderes e de um resgate das instituições – alguém que tenha visão de desenvolvimento interno e de boas relações internacionais para ajudar na retomada da economia. Os brasileiros buscam ideias, planos de gestão, alinhamento programático dos partidos que venham a assumir a Nação a partir do ano que vem. Nada disso ainda está posto ou foi apresentado e espera-se que o debate eleitoral, aos poucos, vá jogando luz sobre essas demandas que são de todos.
Carlos José Marques é diretor editorial da Editora Três
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