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domingo, 11 de novembro de 2018

“As redes sociais vieram para redimensionar e dar visibilidade ao papel ativo das audiências”, afirma Guillermo Orozco"

Guillermo Orozco, professor titular e diretor do Departamento de Estudos de Comunicação Social da Universidade de Guadalajara, no México, virá ao Brasil como convidado do II Congresso Internacional de Comunicação e Educação, que acontece entre os dias 12 a 14 de novembro na USP - Universidade de São Paulo. Mestre e doutor em Educação pela Universidade de Harvard (Estados Unidos), Orozco pesquisa sobre educomunicação, análise de recepção e audiências, e ficção televisiva, e é autor de diversos livros e artigos, entre eles “Recepção Midiática, aprendizagens e cidadania”, da coleção Educomunicação, organizada pela editora Paulinas.

Em entrevista ao Portal IMPRENSA, o professor da Universidade de Guadalajara comenta as mudanças ligadas à prática jornalística e à credibilidade no jornalismo, bem como a relação do jornalismo com a educação.
O jornalismo perdeu sua credibilidade?
Considerando os diferentes formatos de jornalismo que existem, alguns deles perderam a credibilidade, isso devido a causas internas e outras externas. O jornalismo de qualidade, não importa em que meio ou plataforma esteja, não perdeu sua credibilidade e, além disso, conquistou reputação, importância e relevância. Isso acontece, entre outras razões, porque o ritmo de produção da informação tem imposto novas lógicas para a publicação de notícias. As exigências são maiores e o ritmo da informação também. Isto tem sido, por vezes, um prejuízo para a qualidade e a oportunidade, o que pode interferir na credibilidade.
Neste sentido, não se pode falar de jornalismo como algo uniforme e semelhante em todos os lugares. Há jornalismo de qualidade e com muita credibilidade, e há jornalismo ruim, sem seriedade, que busca apenas gerar clicks ou vender jornais.
O jornalismo tem um papel importante na educação?
A relação entre jornalismo e educação é complementar, já que se beneficiam mutuamente. Por um lado, todos os cidadãos aprendem com a imprensa e as notícias, as quais colaboram com a construção de sentido, e por outro, o jornalismo como prática institucionalizada funciona com base no que já sabemos e aprendemos na escola. Sobretudo, é necessário observar que o papel do jornalismo não tem fundamento em sua prática se não puder ser útil para as pessoas e, mais ainda, ajudá-las a aprender melhor e tomar melhores decisões sobre sua vida ou sua comunidade.
Como a TV será influenciada pelas mídias sociais?
A TV já é influenciada pelas mídias sociais. Temos visto ao longo das últimas décadas transformações que parecem originais ou radicais na mídia televisiva, mas nem todas são realmente. Algumas transformações na TV e na interação das audiências com a TV levam anos para mudar, é uma mudança contínua. As redes sociais e, em geral, todos os meios de interação vieram para redimensionar e dar visibilidade ao papel ativo das audiências e à capacidade interativa dos meios digitais.
A TV digital irá perder seu suporte financeiro, como a publicidade e o patrocínio?
Não se percebe uma mudança radical na maneira como as relações comerciais acontecem entre a TV tradicional e o meio publicitário. De qualquer maneira, o que é relativamente novo é a inclusão de novos atores e modelos de negócio nas possibilidades comerciais.
O que mudou na educação midiática nos últimos 20 anos, e o que ainda precisa ser mudado?
As mudanças se resumem na capacidade de agência e produção direta das pessoas, o que obviamente aumentou. Com a diversificação de tecnologias e mídias digitais, praticamente qualquer pessoa pode produzir conteúdo e dialogar com públicos significativos. Isso transformou a própria noção de educação e quais são seus objetivos. Que ainda é profundamente insuficiente.
No II Congresso Internacional de Comunicação e Educação, promovido pelo Núcleo de Comunicação e Educação (NCE) da USP e pela Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação (ABPEducom), Guillermo Orozco vai participar, no dia 12 de novembro, da mesa redonda sobre os “20 anos de educação midiática: perspectivas históricas”.
Esta mesa destina-se a recuperar a memória histórica das reflexões e práticas que caracterizaram as iniciativas e as políticas de educação midiática, em nível internacional e no Brasil, nas duas últimas décadas (1998-2018). Para isso, irá reunir profissionais que coordenam redes de especialistas em educação midiática em cinco diferentes países (Canadá, Itália, Espanha, Brasil e México).
Além de Orozco, a mesa contará com as presenças de Carolyn Wilson (GAPMIL/Unesco), Gianna Maria Cappello (Università degli Studi di Palermo), José Ignácio Aguaded Goméz (Grupo Comunicar), com a coordenação de Ismar de Oliveira Soares, da ABPEducom.
Para conferir a programação completa e se inscrever no Congresso é só acessar o site
Imprensa/Caminho Político

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