Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso

Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso
Cons. Benjamin Duarte Monteiro, Nº 01, Ed. Marechal Rondon

Prefeitura Municipal de Tangará da Serra

Prefeitura Municipal de Tangará da Serra
Avenida Brasil, 2351 - N, Jardim Europa, 78.300-901 (65) 3311-4800

Deputado Estadual Drº. Eugênio de Paiva (PSB-40)

Deputado Estadual Drº. Eugênio de Paiva (PSB-40)
Agora como deputado estadual, Eugênio tem sido a voz do Araguaia, representa o #VALEDOARAGUAIA! 100% ARAGUAIA!🏆

Governo de Mato Grosso

Governo de Mato Grosso
Palácio Paiaguás - Rua Des. Carlos Avalone, s/n - Centro Político Administrativo

Prefeitura de Rondonópolis

Prefeitura de Rondonópolis
Endereço: Avenida Duque de Caxias, 1000, Vila Aurora, 78740-022 Telefone: (66) 3411 - 3500 WhatsApp (Ouvidoria): (66) 9 8438 - 0857

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

"A política do desprezo e o efeito-presépio. Artigo de Andrea Grillo"

Resultado de imagem para presepio de natalO presépio significa que os últimos, estrangeiros e irregulares reconhecem Jesus, enquanto governadores, ministros e residentes regulares tentam matá-lo. Exatamente como, na Páscoa, quem sabe reconhecer Jesus são uma mulher de muitos maridos, uma pessoa deficiente grave como o cego de nascença e um cadáver como Lázaro, enquanto os poderosos o matam sem piedade. Essas são as categorias privilegiadas da Igreja!".
A opinião é do teólogo italiano Andrea Grillo, professor do Pontifício Ateneu Santo Anselmo, em Roma, do Instituto Teológico Marchigiano, em Ancona, e do Instituto de Liturgia Pastoral da Abadia de Santa Justina, em Pádua, em artigo publicado por Come Se Non e Caminho Político. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
"O presépio significa que os últimos, estrangeiros e irregulares reconhecem Jesus, enquanto governadores, ministros e residentes regulares tentam matá-lo – Andrea Grillo"
Há, nas tradições, lógicas profundas e complexas, que devem ser respeitadas justamente na sua complexidade. A tradição cristã, e em particular a católico-romana, também não foge a essas lógicas.
Há quase 70 anos, um pároco pôs fogo no Papai Noel, na praça da igreja, para “defender” o menino Jesus dos “cultos pagãos”. Esse episódio deu o impulso a C. Lévi-Strauss para escrever um belo livreto, intitulado “O suplício do Papai Noel”, em que ele trazia à tona a profunda continuidade entre o culto pagão e o culto cristão, baseado na antiga festa do Sol Invictus, em que os temas da luz, das plantas sempre verdes e dos “velhos/mortos” e das “crianças/bebês” se entrelaçam estruturalmente.
Ora, neste contexto, quando a polêmica se torna vazia e formal, podemos encontrar o paradoxo de que políticos sem verdadeiro pano de fundo de fé, cuja sensibilidade para com o estrangeiro é proverbial, tornam-se os “defensores do presépio” (e do crucifixo), pretendendo com que pastores e cristãos sejam vistos como “inimigos do povo”.
A questão decisiva, em tudo isso, é aquilo que, há muito tempo, eu chamo de “efeito-presépio”. Gostaria de tentar explicá-lo brevemente.
Em todas as grandes tradições, de fato, as passagens decisivas – no nosso caso católico, o Natal e a Páscoa – tornam-se “lugares de reconhecimento” não apenas religioso, mas também cultural e social. “Montar o presépio” no Natal e “visitar os túmulos” na Páscoa tornam-se lugares de identidade.
'Exatamente como, na Páscoa, quem sabe reconhecer Jesus são uma mulher de muitos maridos, uma pessoa deficiente grave como o cego de nascença e um cadáver como Lázaro, enquanto os poderosos o matam sem piedade. Essas são as categorias privilegiadas da Igreja! – Andrea Grillo"
Mas, precisamente nessa passagem, as tradições se põem em risco, porque concentram em um ponto todas as “mensagens” e, justamente por causa dessa “sobrecarga”, correm o risco de perder o seu sentido.
O presépio e o crucifixo tornam-se, assim, meros símbolos de identidade, em que a comunidade se identifica “contra alguém”, contradizendo de modo vergonhoso o sentido do próprio símbolo.
O presépio, de modo exemplar, é um caso típico dessa “tentação”. Presépio diz, em latim, “manjedoura” e constitui a “versão de Lucas” do mostrar-se do Salvador. Que se revela aos pastores irregulares, e não aos bons fiéis regulares da época. A tensão, naquele texto de Lucas, está entre a grandeza do Senhor e a pequenez humana que só pode reconhecê-lo na irregularidade dos pastores.
Na versão de Mateus, por sua vez, a dose é ainda mais forte: a tensão é entre a estrela e os magos que a seguem, na sua condição de estrangeiros, e a hostilidade visceral dos residentes.
O “presépio”, misturando todas essas mensagens, corre o risco de não aumentar, mas de diminuir a força da tradição, reduzindo-a a um “bibelô” burguês. O presépio significa que os últimos, estrangeiros e irregulares reconhecem Jesus, enquanto governadores, ministros e residentes regulares tentam matá-lo. Exatamente como, na Páscoa, quem sabe reconhecer Jesus são uma mulher de muitos maridos, uma pessoa deficiente grave como o cego de nascença e um cadáver como Lázaro, enquanto os poderosos o matam sem piedade. Essas são as categorias privilegiadas da Igreja!
O que o mundo católico deve pedir, com palavras pacatas, é um passo à frente ao assumir o significado autêntico do presépio e do crucifixo, pedindo que os políticos deem um “passo atrás” sobre temas que não podem ser inseridos na torpe especulação política.
"Para quem só joga com o ódio e o desprezo, o presépio e o crucifixo também podem se tornar não instrumentos simbólicos de comunhão, mas instrumentos diabólicos de desprezo – Andrea Grillo"
Eis como o bispo de Pádua disse isso, há alguns anos: “Dar um passo atrás não significa criar o vácuo ou favorecer intransigências laicistas, mas sim encontrar nas tradições, que nos pertencem e alimentam a nossa fé, germens de diálogo. O Natal, nesse sentido, é um exemplo extraordinário, uma oportunidade de encontro com os muçulmanos, que reconhecem em Jesus um profeta e veneram Maria”.
Somente com um pequeno passo atrás se dá um grande passo para a frente. Na pura tradição cristã. E não é por acaso que os políticos do ódio e da indiferença opõem a isso uma resistência visceral.
Querem expulsar os estrangeiros e os crucificados da Itália e ter em cada escritório crucifixos e presépios como bibelôs? Isso é simplesmente repugnante. Das duas, uma: ou enchemos de símbolos natalícios e pascais uma terra que saiba se demonstrar acolhedora e não indiferente; ou optamos por expulsar quem não tem casa e todos os crucificados da terra. Mas, pelo menos um mínimo de pudor, tentemos corar diante dos símbolos daquilo que não aceitamos e queremos apenas combater.
É óbvio que, para quem só joga com o ódio e o desprezo, o presépio e o crucifixo também podem se tornar não instrumentos simbólicos de comunhão, mas instrumentos diabólicos de desprezo. A esse uso distorcido e perverso dos grandes símbolos cristãos, sempre nos oporemos com absoluta determinação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ame,cuide e respeite os idosos