Ex-assessor de campanha Roger Stone é acusado de obstruir investigações sobre suposta interferência de Moscou nas eleições de 2016 e de envolvimento no vazamento de e-mails do Partido Democrata. Roger Stone, um aliado e conselheiro de longa data do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi preso nesta sexta-feira (25/01) após ser indiciado sob sete acusações, decorrentes da investigação conduzida pelo procurador especial Robert Mueller sobre uma suposta ingerência russa na campanha republicana à presidência em 2016.
Stone, de 66 anos, compareceu a um tribunal em Fort Lauderdale, onde foi preso, nesta sexta-feira, informou a equipe de Mueller. Procuradores afirmam que o aliado de Trump "enviou e recebeu inúmeros e-mails e mensagens de texto durante a campanha de 2016, nos quais discutiu sobre a Organização 1, seu líder e a posse de e-mails hackeados".
O documento encaminhado por Mueller à corte não especifica qual seria a Organização 1, mas a descrição nos autos do processo traz muitas semelhanças com a plataforma Wikileaks, que costuma tornar públicos documentos secretos e informações confidenciais fornecidas por fontes anônimas. Segundo procuradores, Stone ainda possuía vários desses documentos quando mentiu à Justiça sobre os mesmos.
O indiciamento não acusa Stone de conspirar junto ao Wikileaks, mas revela detalhes sobre conversas dele sobre e-mails roubados do Partido Democrata, divulgados pela plataforma semanas antes das eleições. A equipe de Mueller afirma que os e-mails, que pertenciam ao chefe da campanha democrata, John Podesta, haviam sido hackeados por agentes da inteligência russa.
O documento afirma que a campanha de Trump entrou em contato com Stone após o vazamento dos e-mails no Wikileaks. Um membro da campanha republicana, cujo nome não foi revelado, teria perguntado a Stone sobre novos vazamentos e sobre "quais outras informações prejudiciais" à Hillary a plataforma ainda possuiria.
Trump se declarou em várias ocasiões contrário às investigações de Mueller, qualificando-as como uma "caça às bruxas". Stone também criticou publicamente a atuação do procurador especial em diversas ocasiões, ecoando as declarações de Trump.
Stone chamou a atenção dos investigadores após uma postagem no Twitter em que, aparentemente, sugeria ter conhecimento prévio de que os e-mails roubados de Podesta seriam divulgados.
Após comparecer ao tribunal, Stone deixou a prisão ao pagar uma fiança de 250 mil dólares, estipulada pela juíza Lurana S. Snow. À magistrada, o ex-conselheiro disse não ter passaporte, e Snow determinou que ele fosse solto sob fiança. Foi estipulado ainda que Stone só poderá viajar para audiências judiciais em Washington e Nova York.
Ao deixar o tribunal, Stone afirmou que as acusações que levaram sua prisão são falsas e garantiu que não testemunhará contra o Trump. "Vou dizer que sou inocente", ressaltou em meio aos gritos e vaias de manifestantes que pediam que ele fosse mantido preso.
O ex-conselheiro destacou que é um dos "mais velhos amigos" de Trump e disse que o presidente faz um "grande trabalho". Stone criticou ainda a operação montada pelo FBI para prendê-lo. Segundo o ele, não havia necessidade para enviar agentes das forças especiais para sua casa. "Bastava um telefonema", ressaltou.
Stone foi um dos primeiros integrantes da campanha presidencial de Trump em 2015, mas deixou a equipe poucos meses depois devido a uma disputa pública com o republicano. No entanto, segundo o The New York Times, os dois permanecerem próximos, se falando frequentemente pelo telefone.
Após o indiciamento e prisão de Stone nesta sexta-feira, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, afirmou à emissora CNN que as acusações contra o ex-assessor não têm nada a ver com o presidente ou com o governo.
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