
Drouet – um dos primeiros a usar as redes sociais para convocar protestos contrários à política fiscal do presidente Emmanuel Macron – também rejeitou a acusação que levou à sua prisão na quarta-feira, de que ele teria organizado uma manifestação na Champs-Elysées sem informar previamente as autoridades.
"Não foi uma convocação para uma manifestação", alegou, afirmando que ele e outros manifestantes haviam apenas planejado acender velas em homenagem aos mortos e feridos durante os atos dos "coletes amarelos". "Nem isso eles nos deixam fazer."
Segundo o promotor Remy Heitz, Drouet fez um chamado em redes sociais na manhã de quarta-feira para um encontro no centro-oeste de Paris. Em comunicado, Heitz afirmou que o rapaz foi preso após ignorar as ordens da polícia para que ele deixasse a "via pública".
Drouet, por sua vez, disse que se tratou de uma prisão política e que estava a caminho de um restaurante com outras quatro pessoas quando foi preso pelos policiais perto da Praça da Concórdia. "Eu não vestia um colete amarelo, estava apenas andando na calçada."
O ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, defendeu a prisão do rapaz, descrevendo-a como um "respeito ao Estado de Direito". "É normal que, quando você infringe as leis da república, você enfrente as consequências", argumentou o político.
De acordo com a lei francesa, organizadores de protestos são obrigados a informar as autoridades locais com pelo menos três dias de antecedência. Os "coletes amarelos", contudo, têm ignorado com frequência essa regra com seus protestos muitas vezes espontâneos.
A prisão de Drouet causou indignação em diferentes espectros da classe política francesa. Adversária de Macron nas últimas eleições presidenciais e líder do partido de extrema direita Agrupamento Nacional (antiga Frente Nacional), Marine Le Pen acusou o governo de realizar uma "violação sistemática dos direitos políticos de seus opositores".
Outro adversário de Macron no último pleito, o esquerdista Jean-Luc Mélenchon, também criticou a detenção. "Éric Drouet preso de novo, por quê? Abuso de poder. Uma polícia politizada mirando e assediando os líderes do movimento dos coletes amarelos", escreveu ele no Twitter.
Os "coletes amarelos" têm protestado contra o aumento nos preços dos combustíveis e contra reformas fiscais propostas pelo governo francês, que, segundo eles, atingiriam desproporcionalmente as classes trabalhadoras. Eles pedem também a renúncia de Macron e a reintrodução do imposto de solidariedade sobre a riqueza.
EK/afp/dpa/lusa/cp
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