
Um dia, sem querer, percebi que não tinha mais retorno. Era como estar parada ao lado de alguém que você gosta, pegar sem querer na mão da pessoa e compreender que – mesmo num lugar escuro e sem ninguém ver – aquilo se tornou real. Meu coração deixou um rastro e parte dele ficou em cada história que li e escrevi. Fiz meu segundo curso superior em jornalismo e tornei a paixão oficial.
Mas, o amor é simples? Claro que não! E, como em todo relacionamento, ele nos exige a coragem de ser frágil e forte. Nesse caso, não só pelo poder das palavras entregues ao mundo, mas também pela luta diária em resistir ao tempo. O jornalismo – assim como toda história dramática e intensa já narrada por poetas – vem se reinventando diante de oportunidades perdidas, erros e lições aprendidas quase sempre da maneira mais difícil. No susto.
Nos últimos 50 anos, em especial nas últimas duas décadas, o modo como as notícias são cobertas, reportadas, escritas e editadas mudou. Da taxa de mortalidade dos jornais impressos – com suas páginas saltando de prensas gigantes – ao surgimento do “ponto com”, o jornalismo busca deixar de lado o medo de desaparecer e protesta para manter notícias de qualidade ou que tenham o objetivo de ser. Mas, ele quer e quer e quer mais.
Novas plataformas surgem a todo momento. De um lado, redações – mais enxutas – esforçam-se para saciar um público cada vez mais exigente e voraz. Nada permanece exclusivo por mais de um minuto. Do outro lado, assessorias de imprensa invocam a criatividade e o olhar estratégico para criar o que ninguém é capaz de perceber na correria da rotina. Em comum, o desafio de ser relevante e prestar um serviço com responsabilidade – pautado na verdade.
Aí, você deve estar se perguntando: afinal de contas, o que tudo isso tem a ver com São Valentim? Há muito, muito tempo um imperador romano o condenou à morte por acreditar que casamentos não eram um bom negócio para a guerra. Ele acreditava que solteiros acabariam servindo melhor ao seu exército. No entanto, diferente de Valentim, presenciamos uma batalha que não está às escondidas e que podemos lutar juntos – unidos.
Pela primeira vez na história moderna, estamos diante da perspectiva de como a sociedade existiria sem notícias confiáveis. De como as novas plataformas engoliram os prazos. De como a transmissão substituiu a interpretação. De como o contraditório substituiu a deferência. De como a averiguação quer se tornar obsoleta. Há alcance e depois ao alcance. E qual o nosso papel nessa relação?
Era 14 de março de 2015 quando o pôr do sol cuiabano atravessou meu caminho e planos. Foi nessa data que fundei ao lado de dois grandes profissionais, Humberto Frederico e Ziad Fares, a empresa de assessoria de imprensa ZF Press. Foi nessa data que reafirmei meu compromisso com a sociedade em nome da informação com credibilidade. E é nessa data que conclamo todos os colegas de profissão: jamais deixem o jornalismo perder sua essência. Tornar-se um vilão àquilo que se propôs.
O amor, sempre o amor, transforma. Jornalistas, desejo que nunca percam o amor pela profissão e que, mesmo nos momentos difíceis, ainda exista amor para recomeçar. O resto da história ainda vamos descobrir. Eu? Sigo escrevendo. Para vocês, clientes da ZF Press e leitores, todo o meu carinho e gratidão.
Soraia Ferreira é jornalista em Cuiabá e foi uma das fundadoras da empresa de assessoria de imprensa ZF Press
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