
Ao presidente cabe utilizar da retórica e da mídia, que tem a sua disposição, para não perder o apoio popular que angariou em tantos anos de carreira política. Afinal ele também fez carreira militar e isto era um trunfo para ter o apoio do Exército. Seus apoiadores ajudavam a divulgar falas como “percam as ilusões os que pretendem separar-me do povo, ou separá-lo de mim. Juntos estamos e juntos estaremos sempre, na alegria e no sofrimento” ou “não descansarei enquanto não conseguir proporcionar aos homens, às mulheres e às crianças do meu país a existência digna, segura, tranquila, próspera e confortável a que tem direito” ou ainda “a crise brasileira é uma crise de crescimento e há de ser superada. Governo e povo caminharão juntos para construírem a grandeza do Brasil.” Os apelos ao nacionalismo, a defesa dos símbolos nacionais, as frases patrióticas permeiam não só o seu discurso no dia a dia, como também nos locais públicos, e com isso motivar a população e os seus eleitores.
O presidente nunca disse claramente que é um político de direita. Porém os seus ataques contra a esquerda, que rotula como comunista, são incessantes. Quando perguntado sai em defesa da ditadura qualificando-a como uma escola de administração pública e que a revolução integrou o país nas concepções do Estado moderno, onde as preocupações partidárias ocupam um lugar subalterno. O lugar do Brasil é ao lado dos Estados Unidos, e para isso é necessário ter em Washington alguém que tenha a confiança e o prestígio do Governo e na assessoria direta a nomeação de uma filha. Ela é mais do que uma assessora, é uma conselheira e diz para ele o que outros não têm coragem, é a Chefe do Gabinete Civil de Presidência da República. O irmão Benjamim Vargas, o Bejo, foi nomeado chefe da segurança dos palácios presidenciais e se envolveu no atentado da Rua Toneleiros, no Rio de Janeiro. Daí para frente o presidente Getúlio Vargas aprofunda-se em uma crise que nem a proximidade da família impediu que se matasse no palácio presidencial em 1954.
Heródoto Barbeiro é editor chefe e âncora do Jornal da Record News em multiplataforma.
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