Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso
Av. André Maggi nº 6, Centro Político Administrativo

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso
X SIMPÓSIO SOBRE DISLEXIA DE MATO GROSSO “TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO”

domingo, 1 de setembro de 2019

"O destino de Sérgio Moro"

MoroQual será o destino do ministro da Justiça? Resistirá na Esplanada? Que alternativas possui? Nicolas Fouquet, ministro das Finanças francês, esperava ser nomeado primeiro-ministro por Luís XIV em 1661, quando o cargo ficou vago. Temendo estar perdendo prestígio, o ministro organizou uma festa em homenagem ao “Rei Sol” que espantou a Europa pela beleza.O ministro passeou ao lado do monarca pelos jardins impressionantes de seu suntuoso Castelo de Vaux-le-Vicomte. Logo em seguida, assistiram a uma peça de Molière escrita especialmente para a ocasião. Poucas vezes o mundo tinha visto festa tão grandiosa. Fouquet foi dormir acreditando ter recuperado seu prestígio. No dia seguinte, por ordem do rei, foi preso e acusado de conspiração e roubo. Considerado demasiadamente poderoso e ambicioso, viveu os últimos anos de sua vida numa solitária.
Regra básica da política: nunca ofusque o brilho do rei.
Como pode ter no governo um ministro tão poderoso e ambicioso com popularidade superior à do próprio presidente? Era óbvio que essa conta, cedo ou tarde, iria desandar.Bolsonaro, que assumiu o governo afirmando que não seria candidato à reeleição, jamais desceu do palanque.
Com o ex-juiz procurando delimitar espaços e se diferenciar o tempo todo, não restou alternativa ao presidente. Jair não economiza poder e artilharia. Atira com força em qualquer um que possa representar ameaça ao seu projeto de poder.
A gota d’água foi a ligação do ministro para Dias Toffoli, sem consultar o presidente, reclamando da decisão sobre o Coaf que beneficiou Flávio Bolsonaro.
Indignado, o capitão abriu a metralhadora: “troca-troca com Ricardo Salles”, “ele não estava comigo na campanha”, “vou intervir na PF”, “o pacote anticrime do ministro não é prioridade” e todo tipo de humilhação.
Moro se viu na pele daquele recruta indesejado, apanhando de mão aberta na cara de um Capitão Nascimento enfurecido gritando: “Pede pra sair!” Mas, por que ele não sai?
O ex-juiz teve suas arbitrariedades expostas pela Vaza Jato. Coleciona uma série de inimigos poderosos. Saindo da Esplanada, perde o foro. Além do que já apanha da esquerda, viraria alvo da rede bolsonarista. Não é fácil sobreviver na planície com leões famintos no seu encalço.
Doria, na ejaculação precoce de tornar-se rei, correu para estender-lhe a mão. Não faria sentido sair da capital do poder para ficar pendurado num castelo menor.
Quais seriam as outras hipóteses? Candidato a prefeito em alguma capital? Sair do jogo nacional significa encolher, mesmo ganhando.
Encurralado, a saída possível parece ser engolir as humilhações e apostar num futuro eleitoral no longo prazo. Com as revelações do Intercept, o STF pode ter ficado um sonho mais distante.
Candidato a presidente num eventual naufrágio do capitão, vice de Bolsonaro na chapa da reeleição, ou mesmo disputar o Senado são alternativas possíveis. Mas, em qualquer hipótese, o caminho até 2022 será longo e penoso.
Sem alternativa de curto prazo, restou ao maior expoente da “República de Curitiba” engolir o orgulho, suportar a solitária e rezar para que Luís XIV não decida decapitá-lo.
Ricardo Cappelli Jornalista, especializado em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Foi secretário nacional de Esporte Educacional e de Incentivo ao Esporte nos governos Lula e Dilma. Ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), é tricolor e Vila Isabel de coração. Exerce atualmente o cargo de secretário chefe da representação no DF do governo do Maranhão

Nenhum comentário:

Postar um comentário