
Em uma coletiva de imprensa na Cidade do México, onde foi recebido como asilado político, Morales propôs um diálogo nacional para conter os confrontos na Bolívia – com participação da sociedade civil, "políticos que perderam as eleições e movimentos sociais de diferentes setores".
O ex-presidente disse que o diálogo pode ser acompanhado "por países amigos e organizações internacionais". Ele afirmou ainda estar disposto a retornar ao seu país, "se o povo (boliviano) pedir" e para contribuir com a pacificação, e enfatizou que "se não houver diálogo nacional vai ser difícil parar esse confronto".
Ele voltou a acusar a Organização dos Estados Americanos (OEA) de contribuir para agravar a crise na Bolívia. "A OEA não está a serviço dos povos latino-americanos e menos ainda dos movimentos sociais. Está a serviço do império americano", disse o ex-presidente.
Morales alegou que, quando a oposição e a OEA acusaram as eleições de fraudulentas, não considerava "nenhum problema" que organizações internacionais e instituições verificassem a lisura do processo.
No entanto, disse que viu uma atitude suspeita na forma de a entidade agir. O ex-governante acrescentou que, se foi determinado que ele não venceu no primeiro turno eleitoral, "então, cumprindo as regras e a Constituição, há um segundo turno".
Protestos somam dez mortos
Duas pessoas morreram durante novos confrontos entre seguidores de Morales e da oposição, aumentando para dez o número de vítimas fatais dos protestos, que ocorrem há três semanas na Bolívia.
Jeanine Añez, segunda vice-presidente do Senado e senadora da oposição a Morales, se declarou nesta terça-feira presidente interina no país. O Tribunal Constitucional aprovou a troca de poder.
Añez, de 52 anos, tem que organizar novas eleições num prazo de 90 dias. Na quarta-feira, ela apresentou seu gabinete de ministros, cuja maioria é formada por políticos de Santa Cruz, tradicional reduto eleitoral da oposição.
Morales renunciou à presidência no último domingo, após a OEA denunciar supostas irregularidades no pleito em que o então presidente foi reeleito para o quarto mandato consecutivo.
Sua participação nas eleições foi autorizada pelo Tribunal Constitucional, embora a Constituição que ele mesmo promulgou limite a dois o número de mandatos consecutivos e a população tenha rejeitado a possibilidade de reeleição indefinida num referendo.
MD/efe/epd/ots/cp
Nenhum comentário:
Postar um comentário