Membros da RENAMO vivem como nómadas na província de Inhambane, Moçambique, com receio de serem atacados pelos "esquadrões da morte". Polícia encaminhou queixas do maior partido da oposição para o Ministério Público. Nos últimos dois anos foram sequestradas mais de 30 pessoas ligadas ao maior partido da oposição em Inhambane, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o que está a deixar alguns militantes desta força partidária com receio de novos ataques.
Segungo a RENAMO, os "esquadrões da morte" são grupos de mercenários alegadamente contratados pelo partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMIO), para disseminar o medo através da violência física e psicológica.
Mamud Beny Agy, porta-voz da RENAMO em Inhambane, disse à DW África que foi ameaçado há poucos dias, em plena luz do dia, por homens desconhecidos que o abordaram quando regressava de uma sessão da assembleia provincial. "Alguém me conheceu e ameaçou-me… Chamou-me nomes em plena luz de dia, agora imagine no período da noite… Não temos tido sono e estamos a viver como só Deus sabe. São situações que nos deixam inseguros", comentou.
Nos últimos dois anos, membros séniores da RENAMO foram sequestrados e assassinados a sangue frio e os seus corpos lançados a rios ou abandonados na região Sul do país.
"A RENAMO ainda está a sofrer", acrescentou, referindo-se ao caso de Aly Jane, que "na escalada da noite foi sequestrado e atirado ao rio", recorda Mamud Beny Agy, que nomeia ainda o caso de Rogério "que ao entrar na sua casa foi atingido com 40 balas" ou do "segundo vice-presidente da assembleia provincial que também sofreu três tiros".
Muitos membros filiados na RENAMO vivem apavorados com a possibilidade de serem sequestrados e assassinados por mercenários cuja identidade é desconhecida.
Viver à escondidas
Estes homens da oposição vêm-se obrigados a desligar os telemóveis durante a noite, para não serem localizados, e também nunca revelam o local onde vão pernoitar.
"Não sabemos se vamos correr [o mesmo] risco que aqueles outros colegas" que perderam a vida, referiu este militante.
"Este país não está seguro não só para os da RENAMO", alertou ainda.
A DW África contactou o comando provincial da Polícia da República de Moçambique em Inhambane que confirmou que recebeu as queixas da RENAMO sobre os alegados sequestros e homicícios. Segundo fonte da polícia, todos os processos foram encaminhados para o Ministério Público onde deverão ser investigados.
Luciano da Conceição (Inhambane)Caminho Político
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