Enquanto se busca uma vacina, pesquisadores querem obter anticorpos a partir do sangue de pacientes curados da covid-19. Foi com essa "imunização passiva" que um imunologista alemão salvou milhares de vidas há um século. O sangue de um paciente curado de uma infecção pela covid-19 – já existem mais de 84 mil deles em todo o mundo –, contém uma variedade de anticorpos distintos que podem combater efetivamente o coronavírus.
Quando os anticorpos isolados e purificados do plasma são injetados em outro paciente de coronavírus, este recebe uma chamada imunização passiva. No sentido estrito, não é uma vacinação, porque não foram produzidos anticorpos pelo próprio corpo. Uma vantagem da imunização passiva é clara: no caso de uma infecção, o corpo não precisa se esforçar e consumir tempo criando o próprio anticorpo, mas recebe anticorpos adequados, que podem combater o patógeno imediatamente.
A desvantagem da imunização passiva é que geralmente dura apenas de algumas semanas a meses. Não é formada uma imunidade permanente ao patógeno, já que os anticorpos injetados se decompõem em cerca de 30 dias. Depois disso, o organismo corre o risco de ser infectado até pelo mesmo patógeno, uma vez que o sistema imunológico não foi suficientemente estimulado.
Prêmio Nobel
Em 1901, ele ganhou o primeiro Prêmio Nobel de Medicina. Por seu sucesso no desenvolvimento de medicamentos produzidos a partir de soro sanguíneo contra difteria e tétano, Behring foi aclamado pela imprensa como "salvador das crianças" e, na Primeira Guerra Mundial, chamado de "salvador dos soldados".
Tratamento contra o ebola e gripe aviária
A terapia de soro foi usada em 2014, quando a epidemia de ebola eclodiu. Quatro anos depois, durante a eclosão do surto de ebola em agosto de 2018 na República Democrática do Congo, um medicamento produzido a partir de anticorpos conseguiu impedir que o vírus ebola infectasse outras células do corpo, reduzindo a taxa de mortalidade em cerca de 30%.
Pesquisadores de todo o mundo agora querem usar anticorpos do soro sanguíneo para imunização passiva na luta contra o novo coronavírus Sars-CoV-2. Uma clínica especializada em terapia de soro foi montada em Xangai, na China, em fevereiro.
No Japão, a fabricante de medicamentos Takeda Pharmaceutical quer extrair uma mistura de anticorpos chamada TAK-888 do plasma de 19 pacientes recuperados da covid-19, desenvolvendo assim um novo medicamento para o coronavírus.
A Takeda já está produzindo um medicamento chamado "imunoglobulina intravenosa" (IVIG) para tratar pacientes com distúrbios imunológicos. A abordagem é muito promissora, pois o medicamento consiste em uma ampla variedade de anticorpos já purificados. Os pesquisadores, portanto, não precisam ter o trabalho de descobrir quais anticorpos específicos melhor combatem o novo coronavírus.
A abordagem é eficaz porque só são necessárias quantidades pequenas, e é mais segura, porque nenhum outro vírus é transmitido e, o mais importante, economiza tempo. Pois o medicamento já foi lançado e, assim, é possível que as normalmente demoradas fases de teste possam ser puladas, fazendo com que a substância esteja disponível mais cedo para tratamento ou profilaxia.
O concorrente californiano Vir Pharmaceuticals segue uma rota semelhante. A empresa farmacêutica americana está atualmente examinando se os anticorpos obtidos em 2003 a partir do soro do sangue de antigos pacientes de Sars também podem neutralizar o Sars-CoV-2. A Vir Biotechnology trabalha no projeto em estreita colaboração com a empresa chinesa WuXi Biologics.
Terapia de soro substitui a vacinação?
Felizmente, os desenvolvimentos de medicamentos e vacinas ocorrem paralelamente. Uma terapia de soro de ação rápida é particularmente útil como tratamento primário para pacientes de alto risco, isto é, para idosos e pessoas com doenças pré-existentes.
Tal medicamento com anticorpos poderia atingir um número maior de pacientes, porque pode ser fabricado rapidamente em enormes tanques de células. Na crise do ebola de 2018, a taxa de mortalidade foi, dessa forma, pelo menos reduzida.
Mas para realmente desacelerar ou até parar a transmissão do novo coronavírus, é necessária uma vacina, que atualmente está sendo pesquisada a ritmo frenético em todo o mundo, inclusive no Brasil.
Alexander Freund (md)Caminho Político
Edição: Régis Oliveira
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