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quarta-feira, 25 de março de 2020

"PORTUGAL: O “novo normal” depende de nós

Resultado de imagem para Carlos CarreirasFicando em casa. Continuando a trabalhar nas fábricas e nas ruas deste país para a economia não parar. Na linha da frente, a curar os doentes. Há umas semanas, aqui no i, escrevi que esta não era uma crise igual às outras. E porquê? Porque me parecia evidente que estávamos perante um tsunâmi com três violentíssimas ondas de choque que se alimentam reciprocamente: o choque da saúde pública, o choque econômico e o choque social. Começa a ser muito claro para todos que estamos a viver o maior desafio dos nossos tempos. Mesmo no seu início, a covid-19 já provocou alterações, no nosso modo de vida e na economia, sem precedentes na nossa história recente.
Centenas de milhares de pessoas à volta do globo estão infetadas.
Morreram mais de 11 mil pessoas – este já é um vírus mais letal que o ébola.
Ilhas políticas e econômicas surgiram no lugar de continentes unificados.
Países inteiros fecharam-se sobre si mesmos e pessoas fecharam-se em casa numa compressão da liberdade que remete para os dias mais negros da nossa história coletiva.
E depois há setores econômicos a serem dizimados. A hotelaria e restauração estão em queda livre, com perdas de 80%. A aviação regista perdas de milhares de milhões. A indústria automóvel prepara-se para uma retração de 92% nas vendas. Imagine o leitor o impacto trágico destes números no emprego e na destruição de riqueza.
O coronavírus não é bem uma crise: é um cataclismo diário.
Com a maioria da população portuguesa, europeia e americana em isolamento social, as pessoas perguntam-se: quanto tempo falta para que a normalidade volte às nossas vidas?
Temo que a resposta não seja exatamente aquela que as pessoas gostariam de ouvir. É que este talvez venha a ser o nosso “novo normal” durante muito tempo.
Indo direto ao assunto: até haver uma vacina ou até a população mundial estar completamente imunizada, não há outra solução que não seja a de ligar e desligar o mundo de tempos a tempos. Como explica o Imperial College num dos estudos mais influentes dos últimos tempos, a Europa chegou com atraso à estratégia da supressão – que a China adotou logo desde a primeira hora. E porquê? Em primeiro lugar, porque as sociedades europeias são intolerantes às limitações das liberdades individuais. Em segundo lugar, porque se chegou a acreditar numa estratégia de mitigação – isto é, medidas mais suaves que deixariam a economia a funcionar ao mesmo tempo que o contágio se faria de forma mais ou menos controlada. Infelizmente, não foi preciso esperar muito tempo para perceber que o número de mortos provocado por esta opção – tanto por via do contágio como por via da pressão sobre os sistemas de saúde – seria intolerável. Passou-se então para uma fase dois, de supressão muito mais radical. Mas, então, este isolamento social e confinamento doméstico produzirão efeitos? Não. E é fácil perceber porquê: a não ser que o mundo feche as portas por um mês, a covid-19 continuará a andar por aí. Assim que as restrições forem levantadas, num ambiente tão poroso, logo surgirão novas vagas da pandemia.
Talvez antevendo isso, vários responsáveis políticos europeus estejam a preparar as suas opiniões públicas para um combate duradouro. Mesmo o primeiro-ministro António Costa tem sido muito cauteloso e invulgarmente pessimista nos seus cenários.
A pergunta que nos deve ocupar, então, é outra: como será então este “novo normal”?
Não arrisco futurologia, mas há três áreas em que é evidente o que nos espera no dia de amanhã, em Portugal e no mundo.
A primeira área é a das liberdades e dos direitos. Demasiadas vezes, medidas tomadas em contexto de emergência ganham caráter permanente. Em Portugal e na Europa, não podemos deixar que isso aconteça sob pena de assistirmos a uma incursão do Estado na vida social sem paralelo recente. Para limitar isso, é crucial que os cidadãos entendam o exercício da liberdade. Quanto mais os cidadãos desrespeitarem o estado de emergência, mais os Estados serão tentados a dar músculo à sua resposta, oprimindo ainda mais as liberdades. A calamidade de saúde pública exige, hoje, estas respostas. Mas a sua duração depende em larga medida do civismo dos cidadãos. Acresce que, por entre a contagem de mortos e infetados, já emergem as vozes totalitárias contra a democracia e contra a Europa. Muita vigilância e muito sentido de responsabilidade são o que se exige a todos. Está nas nossas mãos recuperar a normalidade.
A segunda área é a comportamental. Esta crise vai certamente obrigar-nos a mudar muito rapidamente alguns dos nossos hábitos. Temo muito os efeitos do isolamento social e não estou certo que o que vimos e ouvimos hoje não altere para sempre algumas das nossas convenções culturais no relacionamento com o outro.
Do que não tenho dúvidas é de que este momento terá um impacto profundo na organização do trabalho. Entramos num acelerador histórico do trabalho à distância. Mais flexibilidade para os trabalhadores, menos despesas fixas para as empresas, menos congestionamento nas cidades são outcomes positivos. Não ignoremos, porém, que a realidade do teletrabalho cria novas formas de desigualdade entre os quadros mais qualificados (capacitados para trabalhar à distância) e a mão-de-obra menos qualificada (cujas atividades não permitem trabalho remoto).
A terceira área de impacto é a economia. Temos três formas de sair disto, dependendo da resposta dos sistemas de saúde, dos progressos na vacina e da percentagem de letalidade.
Ou uma recuperação rápida se, depois de uma queda abrupta da procura e da oferta, a atividade acelerar naquilo que graficamente se representa em “V”; ou um abrandamento e recuperação mais prolongados no tempo, que formaria um “U”; ou, no pior cenário, uma realidade em que a covid-19 impacta os pilares da procura e da oferta, extermina valor econômico, paralisa investimento e afeta a estrutura de emprego, uma crise em “L”. Embora ainda evitável, este terceiro cenário de recessão dura e prolongada está a ganhar força. Para Portugal, um país com baixa poupança, alto endividamento e baixa produtividade, uma realidade do último tipo fará da intervenção da troika no país uma nota de rodapé na História. Estas são as más notícias.
A boa notícia é que em nenhuma outra crise esteve tanto nas nossas mãos o poder de vencer a batalha.
Ficando em casa. Continuando a trabalhar nas fábricas e nas ruas deste país para a economia não parar. Na linha da frente, a curar os doentes.
Todos por todos, venceremos o desafio das nossas vidas.
Carlos Carreiras
Presidente da Câmara Municipal de Cascais

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