
Ela detesta movimentos como o Black Lives Matter, que se manifestam contra as políticas de Trump. "São grupos terroristas", acusa. "Mais ou menos como os camisas-pardas de Hitler." A neorrepublicana diz que aprecia não precisar se preocupar em ser politicamente correta sob um presidente como Trump. "Gosto da minha liberdade", diz Stacey. "Gosto de poder dizer e fazer o que quero."
Essa imagem de Trump como protetor da liberdade e herói da classe média é também apresentada pelo Partido Republicano durante sua convenção partidária nesta semana. Por causa da pandemia do coronavírus, a tradicional grande festa com milhares de fãs e chuva de confete teve que ser cancelada. Como fizeram os democratas na semana anterior, os republicanos celebram seu conclave em quatro noites consecutivas, com montagens de vídeo e discursos emotivos que as pessoas podem acompanhar pela internet ou televisão.

"Este presidente pode olhar para um histórico de força e sucesso", disse Haley em seu discurso sobre Trump. "Já o ex-vice-presidente não tem nada além de fraqueza e fracassos a oferecer." No discurso de abertura, Charlie Kirk, fundador de uma organização estudantil conservadora, chamou Trump de "guarda-costas da civilização ocidental".Na segunda noite, o destaque foi a família. Os telespectadores viram os filhos Tiffany e Eric, assim como a primeira-dama, Melania, que enfatizou a honestidade e autenticidade do marido: "Goste ou não, você sempre sabe o que ele pensa".
Mesmo antes dos elogios durante a convenção republicana, os índices de aprovação de Trump dentro do próprio partido estavam em torno de 90%. Então tudo é festa no campo republicano, enquanto os democratas das alas moderada e progressista se esbofeteiam? Não exatamente. Há resistência entre os republicanos – contra seu próprio presidente. Desde o fim de 2019, cada vez mais grupos do campo conservador se insurgem contra a reeleição de Trump.

Vários ex-políticos republicanos falaram publicamente contra Trump. O grupo de antigos funcionários republicanos de alto nível da área de segurança nacional publicou uma declaração em meados de agosto na qual afirma que Trump representa um risco para a segurança nacional dos EUA e não tem capacidade para governar o país. Os signatários desta declaração incluem o ex-embaixador dos Estados Unidos na Alemanha Richard Burt e James Kelly, que foi secretário de Estado adjunto do presidente George W. Bush.
O republicano Joe Walsh também teme que o presidente Trump esteja colocando em risco a segurança nacional dos EUA. Ele concorreu contra Trump na primeira primária, de Iowa, "porque era importante para um republicano dizer em público: 'Donald Trump não é adequado para o cargo'", diz.Depois de receber apenas 1,1% dos votos na primária republicana de Iowa, Walsh desistiu da sua candidatura. Mas ele não desistiu de sua luta contra Trump. Ele fundou o Bravery Project, organização destinada a ajudar republicanos e outros conservadores que não querem um segundo mandato de Trump a fazer campanha para o democrata Joe Biden. "São pessoas que nunca fizeram campanha por um democrata", diz Walsh. O projeto fornece dicas e organiza eventos virtuais. Não é fácil, como republicano, ir até o vizinho conservador e dizer a ele para votar em Biden, pondera Walsh. "Requer coragem."
Jack Spielmann, de Michigan, diz que está decepcionado com Trump. "Fui republicano por toda a minha vida adulta", ressalta. Quando Trump venceu as primárias de 2016 e se tornou o candidato presidencial republicano, Spielmann não se entusiasmou, mas deu a ele seu voto na eleição de novembro. "Eu votei nos republicanos por 40 anos, esse era o meu partido", diz o consultor de segurança cibernética. "Não gostava de Clinton e fiquei feliz quando Trump ganhou."
Mas sua alegria rapidamente se transformou no oposto. Spielmann se chocou com os tuítes de Trump e sua política externa. "Foi terrível o modo como ele abandonou os curdos [no norte da Síria] à própria sorte", recorda-se Spielmann. "Ele deu as costas a nossos aliados. Ele está prejudicando o país e, portanto, o mundo inteiro."
Ele também se diz desapontado com a forma como Trump está agindo na pandemia de coronavírus. "Trump disse que não assume nenhuma responsabilidade pelo que aconteceu. Mas, como um bom líder, é isso que você tem que fazer", reclama Spielmann, que serviu no Exército dos EUA durante 30 anos. Ele diz que vai votar em Biden em novembro. "O que importa não é o partido. O que importa agora é tirar Trump da Casa Branca."
Walsh está convencido de que pode dar certo: se apenas alguns poucos milhares de eleitores republicanos decepcionados, como Spielmann, forem convencidos a votar em Biden nos chamados swing states, aqueles estados que oscilam entre um partido e o outro, Trump perderá em novembro, afirma.
Carla Bleiker (de Washington)Caminho Político
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