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sábado, 5 de setembro de 2020

"A campanha antecipada de Bolsonaro"

Bolsonaro cumprimenta apoiadores no aeroporto de São Raimundo Nonato, no Piuaí, em 30 de julhoPressionado por acusações de corrupção em seu entorno, presidente age como candidato à reeleição na tentativa de pautar agenda política e manter popularidade. Nordeste concentra um terço de suas visitas recentes.Chapéu de couro, inauguração de obras, abraço em apoiadores. O roteiro típico de campanhas eleitorais foi adotado com vigor por Bolsonaro em agosto, faltando mais de dois anos para a disputa em que ele pretende se lançar à reeleição.
As últimas viagens do presidente priorizaram as regiões Nordeste e Norte, onde há os maiores percentuais de população recebendo a renda básica emergencial. São também as regiões onde ele teve seu pior desempenho eleitoral em 2018. Um levantamento divulgado pelo jornal O Globo em 30 de agosto mostra que, de 23 municípios visitados desde abril, dez estavam nessas duas regiões. Um cálculo do site Poder360 mostra que o percentual de cidades no Nordeste visitadas pelo presidente em relação a todas as suas viagens subiu de 7% antes do auxílio emergencial para 33% após o início das transferências de renda.
Foi no Nordeste que Bolsonaro teve seu maior salto de popularidade nos últimos meses. Sua aprovação, medida pelo PoderData, alcançou 48% em 17 a 19 de agosto, 21 pontos percentuais acima da aferida em 8 a 10 de junho. Na última rodada da pesquisa, de 31 de agosto a 2 de setembro, a aprovação do presidente diminuiu para 40%.
O cientista político Adriano Codato, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), afirma à DW Brasil que, na prática, Bolsonaro começou sua campanha à reeleição no segundo semestre do segundo ano de governo.
Ele lembra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também começou a agir como candidato à reeleição já no terceiro ano do governo, em 2005, após o escândalo do mensalão, mas que Bolsonaro adiantou o calendário ainda mais.
"O Bolsonaro repete esse padrão, mas se antecipando", diz Codato. Outra diferença, afirma, é que Lula tinha uma máquina partidária, enquanto Bolsonaro não tem partido, mas "só o personalismo".
Pressionado pelas acusações de corrupção em seu entorno, como as investigações contra Fabrício Queiroz, que incluem pagamentos para a primeira-dama Michelle Bolsonaro, e o caso das "rachadinhas" de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, o modo campanha de Bolsonaro serve também para tentar pautar a agenda pública.
"Bolsonaro não está nem aí para a administração, ele dá diretrizes gerais e delega tudo para os ministros. O que ele faz é agitação e propaganda, o tempo todo", diz Codato.
O eleitorado-alvo
A pandemia do coronavírus, que inicialmente trouxe o risco de causar um desastre político ao presidente, acabou criando oportunidades para ele a partir da criação do auxílio emergencial, avalia Glauco Peres, professor de ciência política da Universidade de São Paulo (USP).
O programa de transferência de renda "mudou um pouco" o presidente, que percebeu que políticas públicas do Estado poderiam dar a ele um retorno maior do que vinha recebendo até então.
Esse Bolsonaro em campanha, diz Peres, está em busca do "eleitor governista", conceito da ciência política para descrever o eleitor que depende muito do governo, e que portanto apoia o mandatário da vez "não importa quem esteja lá". Essa nova base viria para se somar às camadas médias e conservadoras que apoiaram Bolsonaro em 2018.
Para Flávia Bozza Martins, professora de ciência política da UFPR, a renda básica emergencial é o "grande sustentáculo" da ascensão da popularidade do presidente.
Como a avaliação positiva é uma variável com grande capacidade de antecipar o comportamento do eleitor na urna, "manter-se bem avaliado não é apenas uma necessidade dos governos, mas particularmente de Bolsonaro, pela forma 'pouco política' de ele se relacionar com a política institucional", diz.
Gastos, reformas e relação federativa
Uma consequência do início antecipado da campanha é o aumento da pressão para manter as despesas do governo em nível elevado.
Essa posição é limitada pelo teto de gastos, que proíbe o governo de elevar as despesas acima da inflação. O teto foi suspenso em 2020 pelo estado de calamidade, mas estará em vigor novamente a partir do próximo ano.
Há discussão dentro e fora do governo sobre flexibilizar o teto , e o prestígio do ministro da Economia, Paulo Guedes, guardião da faceta liberal e austera do programa bolsonarista, está em declínio.
"O compromisso com o liberalismo de Bolsonaro sempre foi um compromisso de ocasião. Se ele tiver que rifar a agenda liberal, creio que ele vá fazer isso", afirma Peres. "O presidente já está caminhando nessa direção", diz.
Outro impacto do modo campanha do presidente é uma menor disposição de usar o peso do Palácio do Planalto para fazer avançar reformas no Congresso Nacional.
O histórico de Bolsonaro já é o de não se envolver diretamente na aprovação de temas com potencial de desgaste, como foi a Reforma da Previdência — cuja condução principal é atribuída ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Nesta quarta-feira (03/09), o governo enviou ao Congresso sua proposta de reforma administrativa, que altera regras de contratação, promoção e remuneração de servidores públicos que venham a ser admitidos no futuro.
O texto deixa de fora das mudanças integrantes do Judiciário, do Legislativo e das Forças Armadas, mas, apesar de ser brando, não deve receber o apoio entusiasmado de Bolsonaro, na avaliação de Codato.
Outra reforma prometida para este ano, mas ainda não enviada ao Legislativo, é a tributária — com ainda menos chance de ser liderada pelo presidente. "Essa é muito difícil. Guedes propõe tirar benefícios da classe média, vai bombardear um setor que apoia Bolsonaro", diz o professor da UFPR.
Um terceiro elemento afetado pelo clima de campanha é a relação do presidente com os governadores. "Ao assumir o lugar de candidato, Bolsonaro coloca os outros políticos como adversários, e aniquilar inimigos políticos é uma prática constante dele", diz Martins, da UERJ.
Esse aspecto se tornou evidente na relação do presidente com os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio, Wilson Witzel, afastado do governo pelo Superior Tribunal de Justiça por indícios de envolvimento em esquema de corrupção.
"Possíveis parcerias entre os estados do Rio e de São Paulo e o governo federal foram queimadas já no segundo ano de mandato do presidente", afirma Martins.
Peres, da USP, alerta para o risco de que outros governadores que se tornem competitivos para 2022 sofram procedimentos jurídicos como o que ocorreu com Witzel, cujo afastamento é cercado por debates sobre sua legalidade.
Dilemas para o presidente
Apesar do clima positivo durante os encontros com apoiadores nos últimos meses, Bolsonaro terá que tomar decisões difíceis em breve. O auxílio emergencial dura apenas até o final do ano, e será de R$ 300, metade do valor inicial, a partir de outubro. A proposta de Orçamento de 2021 enviada pelo governo ao Congresso não reserva verbas para a criação de um novo programa de transferência muito mais robusto que o atual Bolsa Família.
"Ele está numa sinuca de bico. Se quiser agradar a essa parcela da população com políticas de redistribuição e manter sua popularidade, terá que estourar o teto de gastos. Ao fazer isso, deve desagradar boa parte da base no Congresso com quem ele dialoga e perder o apoio do mercado financeiro, um dos seus sustentáculos", diz Martins.
Ela projeta que o efeito da redução do auxílio emergencial será sentido já em outubro, quando a parcela passa a ser de R$ 300, mas que o maior impacto será em janeiro, quando será interrompido.
"Junto virá a crise econômica, com pessoas sem emprego e debilitadas financeiramente. Assim como a popularidade do presidente subiu por conta disso, tem grande chance de cair pelo mesmo motivo", afirma.
Bruno Lupion/Caminho Político
Caminho Politico

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