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terça-feira, 21 de dezembro de 2021

O bispo e o Papai Noel














"O bispo de Noto ousou dizer isso às crianças - que sabiam muito bem, é claro, da inexistência do Papai Noel (agora as crianças sabem muito mais - até sobre sexo e tudo mais - do que os adultos) - desafiando, na realidade, não sua fé no velho barbudo vestido de vermelho, mas sua fé no primado das 'coisas' que se veem e se tocam (os presentes caros) em relação a um Deus que teve a péssima ideia de nascer pobre", escreve Giuseppe Savagnone, professor de doutrina social da Igreja no departamento de jurisprudência da LUMSA (Libera Università degli Studi Maria SS Assunta de Roma), sede de Palermo.
Eis o artigo.
Se D. Staglianò, bispo de Noto (Itália), tivesse dito que Deus não existe ou que Jesus era apenas, como o definiu Odifreddi em um de seus livros de sucesso, "um perturbador da paz pública", justamente neutralizado pelos guardiães da ordem, ninguém se teria escandalizado. Em vez disso, o incauto pastor das almas teve a ousadia de defender, na frente de crianças inocentes, que o Papai Noel não existe.
Abra-se o céu! Uma tormenta, não só por parte de famílias dos infelizes pequeninos, mas também nos jornais nacionais e até no New York Times, que dedicou um longo artigo ao grave problema.
Falou-se em "um sonho despedaçado", o bispo foi acusado de ter violado a inocência da infância, de ter invadido o campo da educação familiar. Tentaram em vão, tanto ele pessoalmente como a assessoria de imprensa da cúria de Noto, explicar o sentido do que havia sido dito: alguns jornais escreveram até "os esclarecimentos posteriores não convenceram ninguém" e que "as desculpas do bispo são piores do que a gafe".
De São Nicolau ao Papai Noel
Mas vamos tentar reconstruir os fatos. Era 6 de dezembro, dia em que a Igreja recorda São Nicolau de Mira (na atual Turquia), bispo oriental do século IV, muito venerado também no Ocidente. Na Itália, é conhecido como S. Nicola de Bari, porque aí são guardadas as suas relíquias, mas o seu culto também é difundido nos países do norte da Europa (inclusive, além de Bari, é padroeiro de Amsterdam).
Através de uma série de influências de tradições populares preexistentes, essa figura histórica foi gradualmente transfigurada no personagem lendário do Santa Claus (de Sinterklaas, o nome holandês derivado do original São Nicolau) e resultou em alguns países como "Papai Noel". Vestígios de proveniência nórdica permanecem no trenó puxado pelas renas.
Bem, D. Staglianò baseou sua fala na festa do S. Nicolau homenageado pela Igreja por distingui-lo desta versão lendária. Mas não se limitou a isto: destacou a profunda diferença entre estas duas figuras: “Não lhes disse que o Papai Natal não existe, mas falamos da necessidade de distinguir o real do que não é. Assim dei o exemplo de São Nicolau de Mira, um santo que levava dons aos pobres, não presentes. Queria explicar que uma cultura de consumo como a dos presentes é diferente de uma cultura da dádiva que está na base da verdadeira mensagem do Natal. O menino Jesus nasce para se doar a toda a humanidade”. Principalmente para os pobres.
Ora, D. Staglianò, “São Nicolau, ao contrário do Papai Noel, não fazia distinção entre crianças ricas e crianças pobres. O Papai Noel só visita a casa de crianças cujos pais podem se permitir comprar presentes para elas. Lembro-me que, quando era criança, um ano ele não visitou a minha casa, porque naquele ano o meu pai ficara desempregado”.
O consumismo consome Jesus
Mas não só: o bispo também argumentou que foi a Coca-Cola que criou a imagem atual do velho barbudo vestido de vermelho (tese aliás contestada, com base na descoberta de uma imagem que remonta a muito tempo antes que fosse fundada a famosa empresa de refrigerantes): “Um personagem imaginário, inventado pela Coca-Cola, que só leva presentes para quem tem dinheiro”, explica D. Staglianò.
Porque, em última análise, o alvo de seu ataque ao Papai Noel é a sociedade de consumo. Porque o Natal que hoje celebramos corre o risco de não ser mais aquele cristão, mas sim aquele do consumismo: “O verdadeiro problema é que o Natal já não pertence mais à cultura cristã, mas a uma cultura consumista de comer, beber e vestir. Depois você olha e vê, as igrejas estão vazias…”.
A desaparecer, suplantado pelo Papai Noel, foi Jesus: “Agora, como dizia Dom Tonino Bello, o Natal é uma festa sem o aniversariante”. Em suma, não é mais uma festa cristã: “O Natal já não nos pertence, porque as suas palavras, os seus símbolos e as suas ações foram sugados pelo buraco negro do hipermercado”.
Palavras que ecoam aquelas de D. Pompili, bispo de Rieti, que, em 2019, por ocasião da visita do Papa Francisco a Greccio, havia observado: “A reinvenção do Natal pela Coca-Cola nos EUA faz parte deste processo que transformou o Menino em Papai Noel (… ) Essa reinvenção também é vista nas grandes redes de supermercados, onde não há menção a presépios, mas sim a aldeias antigas. E então se vê o presépio sem gruta que é como falar do Natal sem o aniversariante”.
Deus nasce na pobreza
Mas nessa denúncia da sociedade consumista há também um forte valor social: “O verdadeiro significado do Natal está fechado naquela gruta, no frio e no gelo, onde nasce o menino Jesus num berço entre a palha, que certamente não era aquela enviada pela Amazon, mas sim cercado pelas necessidades do boi e do burrico. Porque foi lá, na pobreza daquela gruta, que nasceu Jesus, então a mensagem para as crianças é que ouçam a voz de Jesus, que diz: agora vá até os seus pais e explique que ninguém deve nascer nas condições em nasceu Jesus".
"Onde nasce Jesus hoje?" foi perguntado pelo entrevistador. E a resposta de D. Staglianò, que é, entre outras coisas, o bispo delegado da Conferência dos Bispos da Sicília para a imigração: “Penso nessas mulheres que dão à luz em barcos superlotados no meio do mar, eis que ali, naquele grito de dor, que hoje nasce Jesus. Seu nascimento é um ato de amor, então, quando as crianças receberem os presentes terão que pensar nos seus semelhantes que não poderão recebê-los, não cultivando mais o egoísmo de dizer que é tudo meu”.
Compreendemos o motivo do clamor com que foi recebida essa postura. No mundo ocidental atualmente estamos dividido entre aqueles que gostariam até de abolir o Natal, substituindo-o por um mais neutro "Festa do Solstício de Inverno" ou, como no documento proposto pela Comissão da UE (posteriormente retirado por protestos), com o ainda mais neutro "festividade", e aqueles que ao contrário ainda fazem questão desta festividade (são eles que protestaram), mas que a identificam com a ceia, os panetones, os presentes. Não é por acaso que o Pai Natal já não voa mais por cima dos presépios, mas sim das árvores de Natal, muito menos comprometedoras no plano religioso, e inclusive mais alinhadas com uma perspectiva ecológica que exalta a natureza no lugar do Deus cristão.
O bispo de Noto ousou dizer isso às crianças - que sabiam muito bem, é claro, da inexistência do Papai Noel (agora as crianças sabem muito mais - até sobre sexo e tudo mais - do que os adultos) - desafiando, na realidade, não sua fé no velho barbudo vestido de vermelho, mas sua fé no primado das "coisas" que se veem e se tocam (os presentes caros) em relação a um Deus que teve a péssima ideia de nascer pobre.
Somente aos miseráveis pastores – os marginalizados da sociedade judaica da época - foi revelado o grande evento: “Este é o sinal para vocês: encontrarão um menino envolto em panos, deitado em uma manjedoura”. Seria este o sinal? Na verdade, é como se o anjo dissesse que não há nenhum sinal. É preciso abrir os olhos para o invisível.
No entanto, é aqui, nesta pobreza de sinais, que Deus nasce entre os homens. “E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens” (Lc 2, 12-14).
Lá estava toda a glória de Deus. O único que entendeu isso e quase enlouqueceu de espanto é o "assustado", uma das figuras típicas dos presépios do passado, que foge de braços abertos.
Sim, os pais, a imprensa e até o New York Times estavam certos em ficar alarmados.
Artigo publicado por Tuttavia e reproduzido por Settimana News e Caminho Político. A tradução é de Luisa Rabolini. Edição: Régis Oliveira. @caminhopolitico @cpweb

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