Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso

Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso
Cons. Benjamin Duarte Monteiro, Nº 01, Ed. Marechal Rondon

Prefeitura Municipal de Tangará da Serra

Prefeitura Municipal de Tangará da Serra
Avenida Brasil, 2351 - N, Jardim Europa, 78.300-901 (65) 3311-4800

Deputado Estadual Drº. Eugênio de Paiva (PSB-40)

Deputado Estadual Drº. Eugênio de Paiva (PSB-40)
Agora como deputado estadual, Eugênio tem sido a voz do Araguaia, representa o #VALEDOARAGUAIA! 100% ARAGUAIA!🏆

Governo de Mato Grosso

Governo de Mato Grosso
Palácio Paiaguás - Rua Des. Carlos Avalone, s/n - Centro Político Administrativo

Prefeitura de Rondonópolis

Prefeitura de Rondonópolis
Endereço: Avenida Duque de Caxias, 1000, Vila Aurora, 78740-022 Telefone: (66) 3411 - 3500 WhatsApp (Ouvidoria): (66) 9 8438 - 0857

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Com visita a Putin, Bolsonaro tenta maquiar isolamento

Em ano eleitoral e após vácuo deixado por Trump, presidente brasileiro ignora risco de conflito armado e busca, em líderes do Leste que inspiram a direita radical, recepção que até agora não teve no Ocidente. O presidente Jair Bolsonaro se reunirá com seu
homólogo russo, Vladimir Putin, nesta quarta-feira (16/02). Justamente no que, segundo a imprensa, teria sido previsto pelos serviços secretos dos EUA como possível Dia D: o dia da invasão da Ucrânia pela Rússia. Para especialistas, isso não passa de uma coincidência temporal. Afinal, a visita de Bolsonaro a Moscou está planejada desde novembro, aponta David Magalhães, especialista em relações internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap).
O Brasil tem três importantes interesses na Rússia, segundo Magalhães. Em primeiro lugar, resolver os problemas relativos a exportações do setor agropecuário para a Rússia, principalmente de carne. Em segundo, o Brasil precisa de fertilizantes russos para a sua agricultura. Além disso, fazem parte da comitiva de Bolsonaro alguns militares que querem conversar sobre possibilidades de cooperação em tecnologia bélica.
No entanto, devido à escalada das tensões envolvendo Rússia e Ucrânia, o Brasil deveria ter cancelado a viagem, considera Magalhães. "Mas aí entrou o fator Bolsonaro. Há um interesse de Bolsonaro em ampliar suas relações com um líder que é reconhecidamente conservador, para não dizer reacionário, que inspira a direita radical com essa virilidade 'testosterônica'", diz.
"Como Bolsonaro perdeu [o ex-primeiro-ministro de Israel] Benjamin Netanyahu e [o ex-presidente americano] Donald Trump, ele acabou encontrando em Putin uma possível aliança no ponto de vista das conexões ideológicas. Por isso Bolsonaro decidiu manter o encontro", avalia.
O fator interno
Também para o cientista político Oliver Stuenkel, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a visita de Bolsonaro a Moscou não tem nada a ver com a crise Rússia-Ucrânia. Especialmente porque o Brasil, assim como outros países latino-americanos, não tem nenhum papel no conflito.
Bolsonaro buscou a viagem depois que seu arqui-inimigo político e provável adversário nas eleições presidenciais de outubro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi recebido como um presidente na França e na Espanha há algumas semanas, segundo Stuenkel.
"Trata-se de cálculos internos, de poder político", diz. Bolsonaro precisa urgentemente de "alguma viagem e algumas fotos bonitas", especialmente porque a única oportunidade de ser fotografado ao lado de importantes líderes estrangeiros antes do início da campanha eleitoral será a reunião dos Brics na Índia, em meados do ano, aponta o cientista político.
Para Stuenkel, Putin também está preenchendo o vazio deixado por Trump no espectro da direita, tanto nos EUA como no Brasil. "É por isso que a visita faz sentido para Bolsonaro."
Além disso, considera o analista, Putin simboliza o que o próprio Bolsonaro gosta de representar: um líder forte, socialmente conservador, que é contra o multilateralismo, a democracia e os direitos humanos.
"Putin pertence ao tipo 'paleoconservador', que é contra a homossexualidade, o ateísmo e os direitos das mulheres e é um nostálgico do passado que preferiria voltar aos tempos antes da Revolução Francesa. E existem aí alguns pontos em comum", afirma.
Além de Rússia e Hungria, onde se reunirá com o premiê Viktor Orbán, a viagem de Bolsonaro deveria incluir a Polônia. Mas o governo polonês considerou inconveniente a visita do polêmico brasileiro neste momento, segundo Stuenkel. "Isso mostra o quanto Bolsonaro já está isolado e o quanto sua imagem está em baixa", afirma.
Aproximação com a Rússia, distanciamento dos EUA
O Brasil foi pressionado pelos EUA para cancelar a visita a Moscou, algo que, para Stuenkel, foi contraproducente. "Certamente foi um erro da parte de Washington, porque incentiva o Brasil a manter boas relações com a Rússia", diz o analista.
Os presidentes brasileiros sempre mantiveram boas relações com Putin, e é importante para o Brasil se manter aberto a alternativas aos EUA, ressalta Stuenkel.
Magalhães, por sua vez, acredita que um apoio explícito à posição russa na crise da Ucrânia teria consequências para o Brasil. O especialista considera que o país poderia perder o status de aliado extra-Otan que recebeu em 2019, especialmente porque há uma era do gelo diplomática entre Bolsonaro e o presidente americano, Joe Biden.
Para Stuenkel, Bolsonaro não será mais capaz de alcançar boas relações com o Ocidente de qualquer maneira. "Ele tem que ser pragmático, ele tem poucos parceiros no mundo. Só restam os russos e a China", diz.
O cientista político considera que tanto Bolsonaro como Putin querem mostrar que não estão isolados. "Portanto, em última análise, esta visita é sobre simbolismo", conclui.
Encontro com Orbán
A segunda parada de Bolsonaro, Budapeste, não é uma coincidência, diz Magalhães. Ao lado de Putin, Orbán é um importante representante da direita radical, com a qual Bolsonaro se identifica. "Existe aí um norte ideológico traçado nesta viagem."
Para o especialista, Orbán está muito mais próximo da visão de mundo de Bolsonaro do que Putin, sendo a democracia iliberal de Orbán, na qual a maioria não se submete às minorias, o modelo que Bolsonaro imita.
"O premiê húngaro representa uma direita anticomunista, um forte catolicismo, um nacionalismo religioso que difere da direita secularizada como a da França", diz Magalhães.
Em última análise, porém, o presidente brasileiro não conseguiu copiar a política de Orbán no Brasil, afirma o especialista. "Bolsonaro não teve a mesma competência de Orbán para fazer as mudanças necessárias. Nem para ser um Orbán Bolsonaro serviu", afirma.
Thomas Milz/Caminho Político
@caminhopolitico @cpweb

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ame,cuide e respeite os idosos