Pela primeira vez, presidente americano usa termo para descrever invasão russa. Até então, ele classificava ações de Moscou em território ucraniano como "crimes de guerra". O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, usou nesta terça-feira (13/04), pela primeira vez desde o início da invasão russa, o termo "genocídio" para descrever a guerra na Ucrânia. Até então, o líder americano evitava usar esse termo e classificava as ações da Rússia em território ucraniano como "crimes de guerra". Biden fez esse comentário quando falava sobre os esforços de seu governo para conter o aumento dos preços da gasolina como resultado da invasão da Ucrânia pelo presidente russo, Vladimir Putin. "Sim, eu chamei de genocídio porque ficou mais claro que Putin está tentando exterminar a ideia de ser possível ser ucraniano e as evidências estão aumentando", declarou a jornalistas.
"Estou fazendo tudo ao meu alcance com ordens executivas para baixar os preços e lidar com a manipulação de preços causada por Putin", disse Biden em um comício no estado de Iowa. "O orçamento de suas famílias, sua capacidade de encher o tanque, nada disso deve depender de um ditador declarar guerra e cometer genocídio do outro lado do mundo", acrescentou.
Dentro do governo dos EUA existe um processo burocrático para determinar se um genocídio está sendo cometido em um país e não está claro se esse processo está completo ou ainda está ocorrendo.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, que vem acusando a Rússia de genocídio, elogiou a declaração de Biden. "Verdadeiras palavras de um verdadeiro líder" afirmou. "Chamar as coisas pelo nome é essencial para enfrentar o mal", acrescentou, renovando seu apelo para o envio de armas mais pesadas para a Ucrânia para "evitar novas atrocidades russas".
Ataques a Putin
Biden vem atacando Putin nas últimas semanas, a quem já descreveu como um "carniceiro", e também acusou o Kremlin de cometer crimes de guerra na Ucrânia. Na semana passada, a imprensa perguntou ao presidente americano se ele qualificaria como genocídio o massacre de Bucha, nos arredores de Kiev, onde mais de 250 corpos civis foram encontrados após a retirada das tropas russas. "Não, acho que é um crime de guerra", respondeu então.
A Rússia nega ter como alvo civis na Ucrânia e alega que o Ocidente está encenando as acusações. A retirada das tropas russas de muitas cidades ucranianas revelou covas em massas e centenas de civis mortos com sinais de execução. Kiev acusa Moscou de promover uma campanha de assassinatos, torturas e estupros.De acordo com a agência de notícias Interfax Ucrânia, o chefe da polícia distrital de Kiev afirmou que 720 corpos foram encontrados na região ao redor da capital e mais de 200 pessoas estão desaparecidas. As Forças Armadas do país também disseram que a Rússia continua os bombardeios contra a infraestrutura civil em Kharkiv e Zaporíjia.
O Departamento de Estado americano finalizou uma investigação formal no mês passado que descobriu que tropas russas cometeram crimes de guerra na Ucrânia, uma alegação que pode levar a processos criminais nos tribunais dos EUA ou em nível internacional.
No último dia 24 de fevereiro, o Kremlin ordenou a invasão da Ucrânia e, desde então, a guerra deixou milhares de mortos, mais de 4 milhões de refugiados e cerca de 7 milhões de deslocados internos, segundo as Nações Unidas. A invasão é o maior ataque a um Estado europeu desde a Segunda Guerra Mundial.
CN (efe, Reuters, Lusa, afp)cp
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