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quarta-feira, 24 de julho de 2024

HÁ 100 ANOS, EM PARIS, ATLETISMO DO BRASIL INICIAVA SUA HISTÓRIA NOS JOGOS OLÍMPICOS

Com uma delegação de oito atletas, todos homens, o atletismo brasileiro iniciava sua história nos Jogos Olímpicos há 100 anos, nos Jogos de Paris-1924. Um século depois, o Brasil volta à terceira Olímpiada na capital francesa – o atletismo será disputado entre os dias 1 e 11 de agosto, no Stade de France.
Os Jogos Olímpicos da Era Moderna tiveram sua primeira edição em 1896, em Atenas. O Brasil fez sua estreia olímpica apenas em 1920, na Antuérpia. Quatro anos depois, na segunda edição dos Jogos em Paris (a primeira havia sido em 1900), o Brasil constituiu seu primeiro time do atletismo para a disputa.
E não foi fácil. O país vivia um momento de instabilidade política e social, no governo do presidente Arthur Bernardes. Além disso, havia desorganização e rivalidade política entre os grupos de dirigentes esportivos do Rio de Janeiro e de São Paulo, que dividiam as forças do esporte nacional desde seus primórdios. Nesse cenário, o patrocínio a uma participação olímpica pelo governo federal deixou de ser uma prioridade e a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) cancelou a ida do Brasil a Paris.
A medida revoltou as federações estaduais, que temiam o comprometimento das relações do Brasil com o Comitê Olímpico Internacional (COI). Entraram em cena, então, três personagens: o médico José Ferreira Santos (delegado do COI), o empresário Antônio Prado Júnior (presidente do Club Athletico Paulistano) e o jornalista Américo do Rego Netto, do jornal O Estado de S. Paulo. Os três representantes do esporte paulista assumiram o desafio de selecionar atletas e fazer os organizadores da Olimpíada a reconsiderarem a inscrição brasileira.
Para conseguir recursos financeiros, uma parceria foi firmada com o jornal O Estado de S. Paulo, que organizou uma arrecadação pública de dinheiro. A iniciativa deu certo e a inscrição aos Jogos, garantida.
Faltava formar a delegação: o foco era o atletismo, uma vez que a modalidade crescia em São Paulo – naquele mesmo ano, com a participação de Prado Júnior e Rego Netto, era fundada a Federação Paulista. As seletivas foram organizadas na capital paulista. Atletas de outros Estados foram chamados a participar, mas a maioria não compareceu. Assim, o Brasil perdeu a chance de contar com bons atletas, principalmente do Rio de Janeiro. Ao fim, nove atletas foram convocados – oito de São Paulo e o gaúcho Willy Seewald. Mas Alberto Byington Junior não competiu (viajou a Paris como secretário da equipe).
E esses foram os atletas que, no dia 27 de maio de 1924, embarcaram no navio Orânia, em Santos, rumo a Paris: Álvaro de Oliveira Ribeiro (100 m e 200 m), Narciso Valadares Costa (400 m e 800 m), Alfredo Gomes (5.000 m e cross country), Eurico Teixeira de Freitas (salto em altura e salto com vara), José Galimberti (arremesso do peso e lançamento do disco), Octávio Zani (arremesso do peso, lançamento do disco e do martelo) e Willy Seewald (lançamento do dardo). Aldo Travaglia (110 m com barreiras) morava na Itália e juntou-se à delegação na Europa. O treinador foi o norte-americano radicado no Brasil Alexander Hogarty. Américo do Rego Netto foi o chefe da equipe.
Os Jogos de Paris-2024 começaram em 4 de maio e o atletismo foi disputado no Estádio des Colombes, com capacidade para 60 mil pessoas. Nenhum dos atletas brasileiros alcançou finais. O grande astro da edição foi o finlandês Paavo Nurmi, que conquistou cinco medalhas de ouro (1.500 m, 5.000 m, cross country, cross country por equipes e 3.000 m por equipes).
A estreia das mulheres, apenas 24 anos depois
A disputa olímpica do atletismo foi exclusivamente masculina até os Jogos de Amsterdã, em 1933, quando três provas femininas foram incluídas no programa: 100 m, 800 m e 4x100 m. O Brasil teve mulheres em sua equipe pela primeira vez em Londres-1948, com seis participantes: Benedita de Oliveira (100 m), Elisabeth Muller (100 m, salto em altura e arremesso do peso), Gertrudes Morg (salto em distância), Helena de Menezes (100 m e 200 m), Lucila Pini (200 m) e Melânia Luz (200 m), que, aos 20 anos, foi a primeira atleta negra a integrar uma seleção brasileira nos Jogos Olímpicos.
As 19 medalhas olímpicas do atletismo brasileiro
Ouro (5)
Adhemar Ferreira da Silva - salto triplo - Helsinque-1952 e Melbourne-1956
Joaquim Cruz - 800 m - Los Angeles-1984
Maurren Maggi - salto em distância - Pequim-2008
Thiago Braz - salto com vara - Rio-2016
Prata (3)
Nelson Prudêncio - salto triplo - Cidade do México-1968
Joaquim Cruz - 800 m - Seul-1988
André Domingos, Claudinei Quirino, Edson Luciano, Vicente Lenílson e Cláudio Roberto Souza - revezamento 4x100 m - Sydney-2000
Bronze (11)
José Telles da Conceição - salto em altura - Helsinque-1952
Nelson Prudêncio - salto triplo - Munique-1972
João Carlos de Oliveira - salto triplo - Montreal-1976 e Moscou-1980
Robson Caetano - 200 m - Seul-1988
André Domingos, Arnaldo Oliveira, Edson Luciano e Robson Caetano - revezamento 4x100 m - Atlanta-1996
Vanderlei Cordeiro de Lima - maratona - Atenas-2004
Rosemar Coelho, Lucimar Moura, Thaissa Presti e Rosângela Santos - revezamento 4x100 m - Pequim-2008
Vicente Lenílson, Sandro Viana, Bruno Lins e José Carlos Moreira (Codó) - revezamento 4x100 m - Pequim-2008
Alison dos Santos - 400 m com barreiras - Tóquio-2020
Thiago Braz - salto com vara - Tóquio-2020
A foto dos pioneiros é uma reprodução da página 47 do livro Sonhos e Conquistas - O Brasil nos Jogos Olímpicos do século XX, editado pelo COB. O crédito dado no livro é Acervo Alberto Murray-São Paulo.
A Prevent Senior NewOn é patrocinadora do atletismo brasileiro oferecendo medicina esportiva de precisão e estilo de vida para os que se ligam no esporte e apoio às competições.
As Loterias Caixa são a patrocinadora máster do atletismo brasileiro.
Assessoria/Caminho Político
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