PF acusou ex-ajudante de ordens de Bolsonaro de omitir conversas sobre plano para executar Lula. Moraes considerou nova audiência satisfatória e manteve validada do acordo. O ministro Alexandre de Moraes manteve o acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, após ouvir novamente o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (21/11).Cid foi intimado a prestar novo depoimento após a Polícia Federal encontrar "contradições" entre o que o militar disse em interrogatório na última terça-feira, e o que foi descoberto em mensagens trocadas por ele com alvos da nova fase da investigação.
Para a corporação, ele descumpriu cláusulas de seu acordo ao omitir conversas que indicam a existência de um plano para executar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e Moraes.
Na terça-feira, Cid negou em depoimento à PF ter conhecimento do plano de assassinato, mas as investigações da Operação Contragolpe, deflagrada no mesmo dia, apontaram que ele esteve em uma das reuniões do grupo que planejou o esquema. Na operação, a PF prendeu quatro militares e um policial após recuperar mensagens que haviam sido apagadas do celular de Cid.
Para o ministro, porém, a nova audiência foi satisfatória e serviu para complementar informações coletadas pela polícia. "O ministro considerou que o colaborador esclareceu as omissões e contradições apontadas pela Polícia Federal. As informações do colaborador seguem sob apuração das autoridades competentes", disse o STF em nota. Cid foi interrogado por cerca de três horas.
PGR retirou pedido de prisão provisória
O magistrado manteve as medidas cautelares já impostas a Cid. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro usa tornozeleira eletrônica e está proibido de entrar em contato com outros investigados desde setembro do ano passado, quando teve delação homologada por contribuir com as investigações que imputam Bolsonaro na falsificação de seu comprovante vacinal e na venda de joias de luxo presenteadas por autoridades estrangeiras.
Ele é também considerado peça-chave no inquérito apresentado pela PF ao STF nesta quinta-feira (21/11), que resultou no indiciamento de 37 pessoas por abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa. O ex-presidente Jair Bolsonaro foi indiciado nas três investigações.
A decisão de Moraes foi acompanhada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que mudou de postura ao concordar com a validade da delação. Anteriormente, a PGR defendia a tese de que Cid deveria ser preso preventivamente, por não cumprir sua parte do acordo ao supostamente omitir informações.
Cid imputou Braga Netto
Segundo o portal G1, no depoimento mais recente, Cid trouxe informações novas sobre a participação do ex-ministro de Bolsonaro, general Braga Netto, na trama golpista que previa a execução de Lula. Isso teria sido decisivo para os termos do acordo serem mantidos.
Segundo as investigações da PF, os suspeitos teriam participado de uma reunião na casa de Braga Netto em 12 de novembro de 2022. O grupo discutiu planos para execução de Lula, Alckmin e Moraes. Também debateram se o ministro do Supremo deveria ser morto por envenenamento ou explosivos.
gq (Agência Brasil, ots)Caminho Político
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