Nesta última semana de novembro, o centro de pesquisa da Bayer em Paulínia (SP) pulsou com um clima diferente, discreto, mas carregado de expectativa. Fomos convidados para acompanhar o lançamento da Intacta 5+, a mais nova biotecnologia para soja da empresa. O tom era de muita expectativa e otimismo. Não apenas se tratava da apresentação de mais um produto, mas do anúncio de uma virada significativa na proteção da cultura, um verdadeiro “Salto” em inovação e produtividade para as lavouras brasileiras. E isso vale tanto para as temidas lagartas quanto, e talvez principalmente, para as plantas daninhas que desafiam os produtores todos os anos.
A recepção foi calorosa. A equipe da Bayer, com décadas de experiência no campo, nos ofereceu mais do que dados técnicos. Trouxeram uma narrativa bem amarrada. Falavam de inovação como uma necessidade concreta, algo que se impõe diante da complexidade da agricultura tropical. Nesse contexto, onde pragas e plantas invasoras evoluem rapidamente, adaptar-se é uma questão de sobrevivência. E esse compromisso não é apenas discurso. A Bayer investe globalmente cerca de 2,6 bilhões de euros por ano em pesquisa e desenvolvimento, sendo que uma parte relevante é direcionada ao Brasil, como explicou Márcio Santos, CEO da divisão agrícola da Bayer no Brasil.
Ele ressaltou que o ambiente institucional sólido construído em nosso país, que inclui agências reguladoras e um sistema judiciário, não é comum em outros países que plantam soja, sendo esse o motivo pelo qual uma parte muito significativa do investimento global de P&D da Bayer é direcionada ao Brasil.
“O Brasil criou em 50 anos um ambiente de negócio seguro. Nós temos agências reguladoras, nós temos a CTNBio, nós temos um sistema judiciário que a gente reclama mas funciona, nós temos lei de contrato, nós temos lei de licenciamento, nós temos tudo isso que já está construído… E nós temos o maior ativo que esse setor pode conter, que é o produtor rural brasileiro. Isso constitui a maior riqueza desse país.“, ressalta o CEO.
Chegamos a Paulínia refletindo sobre o caminho trilhado pela soja no país. Os representantes da empresa fizeram questão de destacar essa trajetória. Desde a chegada da soja RR, em 2005, que transformou o manejo de ervas daninhas, até a primeira geração da Intacta em 2013, que trouxe uma proteção inédita contra lagartas, a evolução foi constante. Em 2021, a Intacta 2 Xtend introduziu o conceito de piramidação de proteínas. Agora, com a Intacta 5+, a proposta é consolidar o Brasil como referência mundial na adoção de biotecnologias no campo.
Uma nova era de proteção e flexibilidade
O que mais me impressionou nessa nova tecnologia foi a abrangência da proteção que ela oferece. A Intacta 5+ combina tolerância a cinco herbicidas (mesotriona, dicamba, glifosato, glufosinato e 2,4‑D) com resistência a diversas lagartas. São cinco proteínas expressas, duas delas inéditas: Cry1B.2 e Cry1A.2, o que marca o início de uma terceira geração de defesa contra insetos. Essa piramidação de modos de ação é essencial para prolongar a eficácia da tecnologia.
Durante a visita aos campos de teste, foi possível ver claramente os efeitos práticos. Em áreas onde não havia a tecnologia, as plantas sofriam visivelmente com as pragas. Já nas parcelas com Intacta 5+, o vigor era outro. Como apresentado por Uilson Santos, agrônomo de desenvolvimento de mercado soja da divisão agrícola da Bayer, a proteção começa desde o início do ciclo, com destaque para o combate à Elasmo (Elasmopalpus lignosellus) e à Spodoptera eridania. A primeira, especialmente, é uma praga que ataca no início e pode comprometer o stand da lavoura de maneira drástica. Visualmente, era nítido: enquanto plantas comuns estavam murchas ou mortas, as da nova tecnologia permaneciam intactas.
No que diz respeito às plantas daninhas, a inovação é igualmente significativa. Espécies como caruru, capim-pé-de-galinha, cravorana, buva e capim-amargoso estão entre as mais desafiadoras do país. O caruru, por exemplo, apresenta resistência múltipla. O capim-pé-de-galinha é morfologicamente complexo e também acumula diferentes tipos de resistência. Os dados observados nas parcelas de demonstração chamam atenção.
Gilmar Picoli, Gerente de regulamentação e especialista em herbicidas da divisão agrícola da Bayer, de forma bem didática, explica como apenas três plantas de vassourão por metro quadrado podem significar até 14 sacas por hectare a menos. Duas de cravorana chegam a provocar perdas de quase 20 sacas. Já três plantas de caruru podem representar um prejuízo de R$ 2.800 por hectare.
Como também demonstrou Matheus Palhano, Gerente de Herbicidas América Latina da Bayer, o Intacta 5+ permite ao produtor mais liberdade no manejo, inclusive com o uso da mesotriona, um herbicida antes não autorizado para a soja. Agora, pode ser aplicado tanto na pré quanto na pós-emergência, com efeito residual de até 26 dias, o que ele comemora como uma conquista siginificativa e que pode permitir ao produtor “plantar no limpo“. Junto a isso, a Bayer apresentou o Xtendimax 2, nova formulação com sal de dicamba e tecnologia Vapor Grip, que amplia o leque de ferramentas para enfrentar ervas resistentes como o caruru.
Do laboratório ao campo, de forma mais rápida
Outro diferencial importante está na metodologia YieldBoost™, desenvolvida no Brasil. O processo anterior era mais lento, dependendo de cruzamentos feitos fora do país, muitas vezes em locais sujeitos a intempéries como furacões. Além disso, os doadores genéticos usados nem sempre eram ideais para as condições tropicais. Com o YieldBoost™, tudo é feito localmente, com materiais adaptados às realidades do Brasil. Estações como a de Petrolina passaram a ser protagonistas nesse novo modelo.
O ganho em agilidade é notável. O ciclo de lançamento de novas variedades foi encurtado em dois anos e o número de materiais testados no campo multiplicou-se por quinze. Isso significa mais precisão, mais produtividade e variedades mais adequadas ao que o produtor realmente precisa.
Compromisso com o Brasil e com quem produz
Não se trata apenas de uma estratégia de mercado. O investimento da Bayer sinaliza um compromisso claro com o Brasil. A empresa passou por uma reestruturação interna para operar com mais agilidade e foco no agricultor brasileiro. O ambiente institucional seguro e a infraestrutura disponível aqui permitem a realização de projetos desse porte. Isso explica por que tantos recursos estão sendo aplicados justamente no Brasil.
A Intacta 5+ já foi aprovada pela CTNBio. A expectativa é que esteja disponível para a safra 2027/28, dependendo ainda da autorização de países importadores. Até lá, a Bayer manterá um processo de diálogo com produtores, pesquisadores e parceiros licenciados. O plano é chegar ao lançamento com pelo menos 13 marcas comerciais de variedades adaptadas. Com o impulso do YieldBoost™, esse número pode ultrapassar 200 nos primeiros dois anos.
O cronograma apresentado pela Bayer sinaliza uma trajetória clara e ambiciosa para os próximos anos, consolidando a Intacta 5+ como peça central na transformação da sojicultura brasileira. A partir de 2025, com a aprovação da tecnologia pela CTNBio e o lançamento oficial, o foco será na geração de valor prático no campo, com demonstrações em áreas controladas e eventos como o “Gigantes da Soja”.
Em 2026, a empresa avança para a etapa de pré-portfolio, preparando o terreno para a introdução das primeiras variedades comerciais em 2027. A partir daí, a expectativa é de um crescimento acelerado em 2028, com um portfólio mais robusto e amplamente disponível para atender à crescente demanda do setor agrícola.
Os testes continuarão em diferentes regiões do país, sempre com práticas responsáveis de manejo e monitoramento. O objetivo é garantir a sustentabilidade e a longevidade da tecnologia.
Ao fim do evento, a sensação era de que testemunhamos algo maior do que o lançamento de uma nova tecnologia. A Intacta 5+ representa uma nova maneira de produzir. Mais flexível, mais segura, mais eficaz. Saí de Paulínia com a impressão clara de que a sojicultura nacional está prestes a viver um novo capítulo. Como disse um dos executivos da empresa, a missão da Bayer é “saúde para todos, fome para ninguém“. Essa biotecnologia parece ser um passo firme na direção dessa promessa, oferecendo ao agricultor mais capacidade de enfrentar os desafios do campo, e colher mais, com menos perdas.
Para imaginar o impacto da Intacta 5+, pense em um agricultor enfrentando uma invasão. Antes, ele tinha apenas uma espada e um escudo. Agora, recebe um arsenal completo: cinco escudos genéticos para barrar os ataques de lagartas e a liberdade de usar cinco tipos diferentes de herbicidas, ajustando o combate conforme a necessidade. Isso significa um campo protegido do início ao fim do ciclo.
Assessoria/Vicente Delgado/Agronews/Caminho Político
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