Fernando Landgraf aponta dependência da China, incertezas do mercado e potencial brasileiro para avançar na cadeia dos ímãs permanentes. As terras raras, um conjunto de 17 elementos essenciais para ímãs permanentes usados em carros elétricos, turbinas eólicas e tecnologias de ponta, dominaram a palestra magna do professor Fernando Landgraf, da Escola Politécnica da USP, no segundo dia da Expominério 2025, na noite de quinta-feira (27.11). Embora não sejam raras na natureza, sua separação e refino exigem domínio técnico e escala industrial que hoje estão concentrados quase exclusivamente na China, um cenário que cria dependência global e desafios adicionais para países que tentam ingressar nessa cadeia estratégica, como o Brasil.
Ao apresentar o panorama da mineração ao processamento final, Landgraf destacou que o país vive um momento de oportunidade, já que possui reservas importantes e mais de 20 projetos de exploração em diferentes estágios. Alguns deles, segundo ele, têm destaque pelo teor elevado de disprósio, elemento crítico para a mobilidade elétrica.
No entanto, o professor reforçou que o país ainda está distante de consolidar sua presença no mercado, especialmente pela ausência de plantas de separação e pela dificuldade em firmar parcerias internacionais com países que buscam reduzir a dependência chinesa.
“Vários projetos brasileiros têm boas probabilidades de sucesso técnico devido aos teores de disprósio relativamente altos, item crítico para a mobilidade elétrica, mas o grande desafio é encontrarmos parceiros para uma joint venture de refino das terras raras no país. O Brasil hoje não produz nada de terras raras. A extração é simples, mas a barreira principal é mercadológica: a China domina o negócio e historicamente baixou preços para derrubar concorrentes”.
O professor também destacou a movimentação recente de governos estrangeiros diante do risco estratégico, como o governo americano, que tomou iniciativas muito incomuns e chegou a tornar-se sócio de uma mina, financiar uma planta de separação e garantir preço mínimo mesmo que a China reduza os valores.
“Mesmo que a China baixe os preços, o governo americano vai bancar um nível mínimo de preço, é a solução americana. A Europa não fez isso ainda, então está uma grande confusão. Os Estados Unidos têm uma gestão unificada, enquanto na Europa é uma coisa colegiada, muito mais complexa e a oportunidade brasileira está justamente nisso. Os americanos têm terras raras, mas a Europa não”.
A palestra foi encerrada com a mensagem de que o Brasil está diante de uma decisão crucial: permanecer exportador de concentrado ou avançar para uma cadeia de maior valor agregado. O debate, apontou o professor, não é apenas mineral ou econômico, mas geopolítico, estratégico e decisivo para o futuro da transição energética.
EXPOMINÉRIO - A Expominério 2025 é uma realização da DPH e IEL, além de contar com o Governo de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), como patrocinador oficial. O evento também tem o apoio institucional e patrocínio de grandes nomes do setor, como Fecomin, Fomentas Mining Company (Ródio), Nexa Resources, Keystone e Brazdrill (Diamante), Aura Apoena, Salinas Gold Mineração e Rio Cabaçal Mineração (Ouro), além de GoldPlat Brasil e Ero Brasil (Prata).
Assessoria/Caminho Político
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