O recente embate político entre o presidente estadual do PL, Ananias Filho, e o governador Mauro Mendes (União Brasil) expõe mais do que uma disputa por alianças eleitorais: revela a dificuldade da direita mato-grossense em definir um projeto político coeso e coerente. Ao cobrar que Mendes “desça do muro” e assuma publicamente um lado, Ananias tenta se colocar como guardião da pureza ideológica bolsonarista, mas esquece que o próprio PL tem convivido com contradições internas e alianças pragmáticas.
Ananias exige de Mauro Mendes uma fidelidade absoluta ao bolsonarismo, citando nomes como Wellington Fagundes, José Medeiros e Flávio Bolsonaro como referências inquestionáveis. No entanto, o discurso do dirigente soa mais como uma tentativa de demarcar território político do que como uma defesa de princípios. O PL, em Mato Grosso, tem se mostrado dividido entre alas que priorizam a ideologia e outras que buscam alianças estratégicas para garantir espaço no poder.
Mauro Mendes, por sua vez, tem adotado uma postura calculada. Embora flerte com o bolsonarismo, evita se comprometer integralmente com o grupo, mantendo pontes com setores mais amplos do espectro político. Essa estratégia, vista por Ananias como indecisão, pode ser interpretada como pragmatismo político — uma tentativa de não se aprisionar a um campo que, apesar de ruidoso, enfrenta desgaste nacional. Mendes, que já demonstrou habilidade em transitar entre diferentes forças, parece compreender que o eleitorado mato-grossense é mais complexo do que a narrativa de “direita versus esquerda” tenta sugerir.
Ao atacar o governador, Ananias também tenta blindar o nome de Wellington Fagundes, pré-candidato do PL ao governo estadual. No entanto, a defesa do senador soa mais como um gesto de lealdade partidária do que como uma resposta às críticas de Mendes. O governador, ao questionar a experiência administrativa de Fagundes, toca em um ponto sensível: a dificuldade do PL em apresentar um projeto de gestão que vá além do discurso ideológico.
No fim, o embate entre Ananias e Mauro Mendes revela um cenário político em que a coerência é moeda rara. Enquanto o presidente do PL exige definições alheias, o próprio partido ainda busca se definir entre o pragmatismo do poder e a retórica da fidelidade ideológica. Mendes, por sua vez, parece disposto a manter o jogo aberto — e, até aqui, tem se saído melhor nessa disputa de narrativas.
Régis Oliveira/Caminho Político
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