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terça-feira, 17 de abril de 2012

"Crise do euro pode fortalecer extremismo, afirma sociólogo "

Demétrio Magnoli diz, na Comissão de Relações Exteriores, que a crise na Europa nasceu financeira, mas começa a tornar-se política.
A crise do euro, que nasceu financeira, começa a tornar-se política, alertou ontem o sociólogo Demétrio Magnoli em audiência pública da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

Segundo Magnoli, a crise pode levar ao fortalecimento dos extremismos de direita e de esquerda no continente.

A audiência foi dedicada a debater o tema "2012: um ano de crise no mundo", dentro do ciclo de debates sobre a política externa brasileira.

As políticas deflacionárias e recessivas adotadas por diversos países europeus em resposta à crise, recordou o sociólogo, têm motivado grandes mudanças políticas no continente.

Na Grécia, informou, os dois mais tradicionais partidos políticos de centro-direita e de centro-esquerda, Nova Democracia e Pasok, contam somados com apenas 37% das intenções de voto para as próximas eleições.

A Espanha, prosseguiu, vive um momento de "forte instabilidade" política pouco depois da eleição de um novo governo, de centro-direita.

E, na França, os dois principais candidatos às eleições presidenciais — Nicolas Sarkozy, de centro-direita, e François Hollande, de centro-esquerda — estariam sendo levados a fazer discursos antieuropeus, sobre temas como protecionismo e o pacto fiscal da Europa.
 
Depois das eleições, haverá um choque político. Os franceses terão um governo que será levado a adotar as políticas da zona do euro — previu Magnoli.

Tsunami monetário

A resposta do governo brasileiro à crise do euro, na opinião do sociólogo, limita-se à denúncia da existência de um "tsunami monetário", que estaria sobrevalorizando as moedas de países em desenvolvimento a partir do excesso de liquidez internacional.

Ao adotar esse comportamento, observou, o Brasil "age como avestruz", por não enfrentar as "causas estruturais" de sua falta de competitividade. Imaginar que as principais moedas voltarão a ter o valor que tiveram, alertou, é "um sonho de uma noite de verão".

Além disso, assinalou o sociólogo, o Brasil tem deixado de dar a devida atenção às mudanças em curso na China, que não poderá mais contar com grandes exportações de seus produtos para os mercados dos Estados Unidos e da Europa, ambos afetados pela crise econômica.

Em exposição na mesma audiência, o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz Coelho, apontou a existência de um "círculo vicioso recessivo" na zona do euro, motivado por uma política fiscal restritiva que leva à queda na atividade econômica e à redução da arrecadação fiscal, aumentando o déficit nas contas públicas e agravando o endividamento.

O baixo crescimento — estimado em 0,2% para este ano e 1% em 2013 — afetou os fluxos comerciais internacionais, observou o vice-presidente da Fiesp. A queda da demanda nos Estados Unidos e na Europa, lembrou, leva a um excesso de oferta de bens manufaturados nas economias líderes. E, visando ampliar suas exportações para o resto do mundo, esses países praticam política monetária expansionista, desvalorizando suas moedas.

 Esse é um dos grandes problemas que temos hoje. Além disso, o menor crescimento na Ásia coloca em risco os preços das commodities — alertou Coelho.

Indústria brasileira

O vice-presidente da Fiesp observou que a participação da indústria de transformação no produto interno bruto (PIB) caiu nos últimos anos de 27% para 14%. Mas, para dobrar a renda per capita em 15 anos, a indústria de transformação deveria ter a sua participação elevada para 25% do PIB. Ele defendeu taxas de câmbio que "favoreçam a produção" e disse ver "com bons olhos" a discussão sobre a redução das taxas de juros.

Ao abordar as possíveis respostas do Brasil à crise econômica internacional, o presidente da comissão, senador Fernando Collor (PTB-AL), ressaltou que é "fácil entrar no protecionismo e difícil sair". O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) observou que, apesar do decréscimo da participação da indústria no PIB, ela responde por 34% da arrecadação de impostos.

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