A adesão da Venezuela ao Mercosul
e a temporária suspensão do Paraguai do bloco
já foram oficialmente
notificados à Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul
(Parlasul). O impasse político que resulta das duas decisões ainda deve
retardar por alguns meses a retomada das sessões do órgão legislativo
regional.
Em ofício assinado pelo coordenador brasileiro do Grupo Mercado
Comum, embaixador Antonio Simões, a presidência pro tempore brasileira
do bloco comunica à representação – e a diversos outros órgãos públicos e
privados – que está suspenso, com base no Protocolo de Ushuaia sobre
Compromisso Democrático, o direito do Paraguai de participar dos órgãos
do Mercosul (entre os quais está o próprio Parlamento, embora este não
tenha sido expressamente mencionado no documento) e de suas
deliberações.
A suspensão decorre do rápido impeachment do ex-presidente paraguaio
Fernando Lugo pelo Poder Legislativo daquele país. A decisão foi
interpretada pelos demais países do bloco como uma interrupção do
processo democrático no Paraguai. Argentina, Brasil e Uruguai decidiram
então que o Paraguai só voltará a integrar plenamente o Mercosul após a
realização de novas eleições.
Entrada da Venezuela
O mesmo ofício informa que, a partir de 12 de agosto, a Venezuela irá adquirir oficialmente a condição de Estado Parte do Mercosul, com todos os direitos e obrigações dos outros países do bloco.
O ingresso definitivo da Venezuela só dependia de uma decisão do Poder
Legislativo do Paraguai. Com a suspensão do Paraguai, os governos de
Argentina, Brasil e Uruguai decidiram promover a adesão da Venezuela
como membro pleno do bloco.
A partir desta semana, portanto, a Venezuela poderia vir a participar
com voz e voto – e não apenas com direito a voz, como no início do
funcionamento do órgão legislativo regional – das sessões do Parlasul.
Segundo cálculos extraoficiais, os venezuelanos passarão a ser
representados em Montevidéu, na atual fase de implantação do Parlasul,
por 22 parlamentares – juntamente com os 18 do Uruguai, 26 da Argentina
e 37 do Brasil.
Ainda não há, porém, nenhuma data prevista para que isso ocorra.
Neste ano, houve uma tentativa de realização de sessão do Parlamento.
Como os parlamentares paraguaios – até este momento, os únicos eleitos
pelo voto popular – insistiram em participar da sessão, ocorreu um
impasse.
A representação argentina evitou dar o quórum necessário à
abertura da sessão, por não concordar com a presença dos paraguaios,
suspensos do bloco. Sem a realização de uma sessão, por sua vez, não
podem tomar posse os parlamentares que vierem a ser indicados pela
Venezuela.
Somente um acordo político entre os cinco países envolvidos, que
defina a situação dos parlamentares paraguaios e a posse dos
venezuelanos, deverá permitir que se realize a primeira sessão do ano do
Parlasul.
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