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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

" O risco do racionamento"

O ano de 2013 começou com a repetição de velhos problemas e a constatação de outros tantos. Bastou a folha do calendário virar para nos depararmos com uma incômoda verdade: o país não tem hoje energia suficiente para sustentar suas atividades. Não eram estas as férias que Dilma Rousseff esperava ter.

O temporal de más notícias deste verão veio embalado na ameaça cada vez maior de que o país tenha que sofrer um racionamento de energia neste ou no próximo ano - quando, para piorar, ainda haverá a Copa do Mundo. O Brasil está atualmente no fio da navalha, equilibrando-se entre uma demanda que não para de crescer e uma oferta que não corresponde ao que o governo prometera.

Os reservatórios das principais regiões produtoras de hidroeletricidade iniciaram janeiro no menor nível dos últimos 12 anos: 28,9% da capacidade, abaixo do registrado em igual período de 2001, ano em que o país teve de lidar com a falta de energia em razão da falta de chuvas. Será preciso cair muita água do céu nas próximas semanas para que as perspectivas se desanuviem.

Atualmente, as usinas hidrelétricas e térmicas estão gerando energia no limite de suas capacidades. Não há qualquer folga, o que indica um péssimo planejamento no setor. Especialistas como Mario Veiga calculam em pelo menos 9% o risco de o governo decretar um racionamento daqui a quatro meses - o dobro do percentual considerado aceitável nos modelos oficiais.

Entre as razões para o risco de faltar energia, está o deficiente planejamento do governo para o setor, cuja concepção atual é toda da lavra da então ministra de Minas e Energia de Lula, Dilma Rousseff. Como se tornou comum no governo do PT, boa parte das obras prometidas não sai do papel. 

O comitê oficial que monitora o setor já reconheceu que 55% das obras de geração estão atrasadas - em média, sete meses em relação ao prazo contratual - e 76% das obras de transmissão têm atraso médio de 15 meses. Para complicar, obras já prontas, como parques eólicos na Bahia, não conseguem produzir porque faltam linhas para transmitir a energia.

A primeira vítima desta incúria são os consumidores. Com a escassez, a operação do sistema elétrico nacional tem tido que recorrer a fontes de energia mais caras, como a gerada pelas térmicas, e os preços no mercado vêm disparando. A consequência virá nas contas de luz: parte da redução prometida pelo governo não acontecerá.

Segundo publicou o Valor Econômico na semana passada, "até o momento, dois pontos da queda prometida de 20% nas contas já foram tolhidos pelo alto custo da geração térmica. Até março, mantidas as condições meteorológicas atuais, esse impacto poderá chegar a cinco pontos". Além disso, o governo já admitiu que as tarifas poderão subir até 3% em 2014 apenas em função do maior acionamento das térmicas.

Além de trazer uma conta mais salgada para os consumidores residenciais, a atual crise energética também derrubou a confiança dos empresários. Eles já não creem que poderão contar com um fornecimento firme de energia para fazer frente a seus planos de investimentos. 

A maior parte das grandes empresas já trabalha com a possibilidade de um "racionamento branco", ou seja, a redução voluntária de consumo para evitar a escuridão total. Com menos energia, é certo que produzirão menos e o país crescerá menos.

A presidente Dilma acha que consegue mudar o ânimo dos frustrados empreendedores no gogó. Desde que interrompeu suas férias na semana passada, ela tem se dedicado a audiências com pesos pesados da economia para convencê-los a acreditar nas promessas de que o governo fará sua parte e não faltará energia. 

Mas suas novas promessas são tão consistentes quanto as que a presidente fez nos seus primeiros dois anos de mandato em relação ao desempenho geral da economia e jamais cumpriu: o PIB que não cresce, a inflação que não baixa, os investimentos que não acontecem. A energia inexistente tende a ser apenas mais um capítulo desta saga de infortúnios.

 Instituto Teotônio Vilela

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