A história republicana brasileira é marcada pelo trânsito de projetos políticos que necessariamente nunca representaram satisfatoriamente a sociedade. A duração dos partidos políticos nunca foi longa o bastante para permitir a criação de núcleos da sociedade realmente comprometidos com ideais e com idéias claras. Nomes dos partidos sempre foram nomes genéricos sem expressão popular.
Vamos recordar depois do fim do Estado Novo de Getúlio Vargas, em 1945. Nasceram três partidos principais: Partido Social Democrático-PSD – representante das elites urbanas e rurais; a União Democrática Nacional-UDN – representante da nascente classe média urbana, e do laboratório político do presidente Getúlio Vargas, eleito em 1950, o Partido Trabalhista Brasileiro-PTB, teoricamente representante da nascente classe trabalhadora protegida e organizada a partir da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, de 1943.
Esses partidos patrocinavam projetos de poder regional que pretendiam o poder nacional. Antes da ideologia e do partido, estavam os projetos de poder. Assim, veio a revolução militar em 1964, matou os partidos em 1967 e criou dois, que morreram a partir da redemocratização em 1985 e da Constituição de 1988. Esse é um breve resumo que pretende chegar ao agora.
Não há mesmo partidos representativas das idéias da sociedade e nem das vertentes dos 200 milhões de brasileiros. São agremiações de cartório pouco eficientes, muito corporativos no aproveitamento dos poderes federal, estaduais e municipais.
Chegamos em 2014 e temos um país à deriva sob todos os aspectos, seguro numa democracia de papel. Ainda não explodiu porque a sociedade brasileira é por demais tolerante e acredita num ideal de ordem e de progresso. Que, aliás, não existe. O lema da bandeira é ditatorial conforme foi copiado do positivismo francês de Augusto Comte em 1889.
Finalmente, chegamos às eleições de 2014 vivendo na citada democracia de papel, sem partidos políticos que unam a base da sociedade ao topo da pirâmide. Nenhum partilha ideais dos brasileiros. Apenas ideais de poder que já não nos servem. Servem apenas aos seus usuários com ou sem mandato.
A conclusão deste artigo é singela: em 2014 projetos de poder político já não bastam. Enquanto se acreditava numa democracia forte, percebeu-se, finalmente, que vivemos numa fragilíssima democracia de papel imaginada numa confusa Constituição rabiscada em 1987 e 1988. Então, fica a questão: e agora, José, a democracia não existe mais...! Voltarei ao assunto.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
Onofreribeiro@terra.com.br www.onofreribeiro.com.br

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