Em 1992 o empresário cuiabano Serafim Carvalho Melo reuniu através do Rotary Club de Mato Grosso um grupo de empresários, jornalistas, profissionais liberais e rotarianos, e viajaram em dois ônibus de Cuiabá a Cochabamba na Bolívia. Foi uma aventura, porque ninguém sabia se isso era possível por terra. Descobriu-se que era e descobriu-se junto um mundo sul-americano rico e generoso para o qual Mato Grosso sempre esteve de costas.
Em 2000, o presidente da Federação das Indústrias, Carlos Antonio de Borges Garcia, reuniu outro grupo de empresários e dirigentes da Fiemt numa longa viagem de sete dias de ônibus entre Cuiabá e Lima, no Peru. Participei dessa viagem. Voltei absolutamente encantado com o mundo sul-americano que vimos. Começa ali na Bolívia, passa por fantásticas paisagens, climas, serras, culturas milenares que ainda se conservam intactas, pelos fantásticos Andes, pelo Chile e finalmente uma longa viagem no deserto pela histórica rodovia Panamericana.
Os irmãos Márcio e José Lacerda, à época senador e deputado estadual, naturais de Cáceres, iniciaram uma cruzada de ligação de Mato Grosso com o Oceano Pacífico. Defendiam mais uma ligação histórica e política regional. Na verdade, era muito maior e o tempo provou isso. Participei junto Serafim, um grande apóstolo da integração regional, de uma série de viagens ao Chile, Argentina, Bolívia e Peru participando de caravanas e de eventos sobre a integração sul-americana. Lá e cá sempre existiram visionários sonhando com a integração cultural, econômica e política. De 1995 a 1998, Márcio Lacerda foi vice-governador de Dante de Oliveira. O assunto floresceu de novo.
Viajei com Dante mais de uma vez a Cochabamba, a Santa Cruz de La Sierra e a La Paz, tratando de medidas políticas voltadas à integração. O tema-se base era o de ligar Mato Grosso ao Oceano Pacífico, cruzando de Cáceres à Bolívia, subindo a Cordilheira dos Andes, alcançando os portos marítimos do Pacífico de Arica e Iquique, no Chile, e os vizinhos portos peruanos de Ilo e Matarani. Falava-se na época em transportar a produção de grãos de Mato Grosso para aqueles portos que são muito sub-utilizados por pouca demanda de carga. As conversas se adiantaram muito nos dois governos de Dante de Oliveira (1995/2002).
Em 2004 o governador Blairo Maggi organizou uma Caravana Estradeiro de Cuiabá a Lima, e voltou com a tese de que era inviável transportar soja através dos Andes. Errado. A idéia não é transportar soja. É integrar um mercado de 40 milhões de pessoas e que tem um PIB de 1 trilhão de dólares. O assunto continua amanhã.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
onofreribeiro@terra.com.br www.onofreribeiro.com.br
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