Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso
Av. André Maggi nº 6, Centro Político Administrativo

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso
X SIMPÓSIO SOBRE DISLEXIA DE MATO GROSSO “TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO”

terça-feira, 16 de setembro de 2014

"Curso de ‘fuxico’ teve 25 alunas participantes"

Encerrou-se recentemente o curso de Fuxico organizado pelo Departamento de Cultura da Secretaria de Educação em Barra do Bugres. 
Calma! Não estamos falando sobre ‘fuxico’ no sentido de fofoca ou coisa parecida. Trata-se de artesanato que irá contribuir com a renda familiar dos participantes do curso. 
História do Fuxico 
A história do fuxico só pode ser compreendida se voltarmos um pouco ao tempo e visitarmos as curiosidades sobre a tecelagem e trabalhos manuais no Brasil. 
Os indígenas brasileiros que cultivavam algodão, fiavam para a confecção de redes de dormir, mas ainda não produziam o tecido propriamente dito. As fibras vegetais eram trabalhadas em forma de trançado. 
O algodão tornou-se uma das principais culturas no início da colonização e a
atividade de tecelagem manual se desenvolveu para a formação de uma variada indústria doméstica de produção de fios e tecidos. Um dos fatores que ajudaram no desenvolvimento da tecelagem manual era o fato de que os nativos andavam nus e os padres jesuítas tinham uma preocupação em vestir aqueles que estavam sendo catequizados. Além disso, com o desinteresse de Portugal em colonizar o Brasil, os habitantes que aqui se fixaram não tinham muitos meios de adquirir produtos industrializados. Era necessário produzir para a própria subsistência como futuramente também serviu para vestir a mão de obra escrava trazida da África. 
Basicamente em todas as propriedades havia um tear para a produção manual de tecidos de algodão, que eram utilizados na confecção de peças de vestuário, roupas de cama, mesa e banho entre outros. Os tecidos de algodão eram grossos, sem o refinamento dos tecidos nobres conhecidos na época e eram destinados às classes sociais mais pobres, além dos escravos e indígenas. Houve um crescimento estrondoso nas “indústrias caseiras”, fazendo com que o produto têxtil nacional tivesse uma melhora em sua qualidade. A abundância dos pigmentos naturais também proporcionou diversidade de cores. 
Motivada pela crise mercantilista da época, a obrigatoriedade de Portugal em importar tecidos da Inglaterra, a necessidade de mão de obra nas lavouras e nas minas de ouro e, ainda, o crescimento da indústria têxtil brasileira, Dona Maria I, rainha de Portugal, proibiu em 1875 a atividade da tecelagem manual no Brasil. Nesta época, as indústrias caseiras fabricavam não só o tecido de algodão para vestimentas de indígenas, negros e caboclos, mas também podiam ser encontrados o fustão, chitas e alguns brocados. 
A tecelagem manual passou a ser uma atividade proibida. Entretanto, com o avanço dos pioneiros para a região central do país, esta atividade persistiu em alguns lugares, sendo hoje o Centro-Oeste e o Triângulo Mineiro uma das poucas regiões do Brasil que ainda mantêm esta tradição. 
Em 1808 a família real portuguesa vem para o Brasil, fugindo das tropas de Napoleão. O contato com a corte trouxe mudanças nos costumes locais e consequentemente no desenvolvimento de atividades manuais, como bordados e rendas, que davam glamour ao artesanato local. 
O brasileiro nunca se moldou aos hábitos culturais e artísticos dos colonizadores. A miscigenação cultural deu origem a uma de suas maiores características: a criatividade. 
As mulheres brasileiras se inspiravam nos trabalhos manuais trazidos da Europa, mas davam um toque “tropical”, com a utilização de matérias-primas locais, principalmente os fios de algodão e acrescentando cores… muitas cores. 
O Brasil não tem muita tradição com trabalhos manuais em tecidos, mas a atividade com fios e linhas sempre existiu. 
Com uma diversidade de matéria-prima para o desenvolvimento de um artesanato extremamente variado, com inspirações indígenas, portuguesas e africanas, o artesanato brasileiro ainda foi enriquecido com as culturas dos imigrantes europeus e asiáticos, consequentemente essa mistura está presente em qualquer manifestação artística e cultural do país. 
O fuxico, de idade secular, tem a sua criação atribuída (cogitada) aos escravos africanos. Entretanto, eles se popularizaram dentro do universo do patchwork no início do século XX. Um pequeno círculo com as extremidades alinhavadas e franzidas inspiram a criação de pequenos enfeites e adereços, até a composição de peças maiores como colchas. 
O fuxico é um artesanato que está presente em todas as regiões brasileiras. O termo “fuxico” em português é sinônimo de “fofoca” (cochicho) e, segundo o folclore local, ele recebeu este nome uma vez que as mulheres se reuniam para costurar e cochichar sobre a vida alheia. 
O fuxico esteve associado à classe social de baixa renda e/ou comunidades rurais. De uma década para cá, com o surgimento da customização e a introdução de novas técnicas artesanais na moda e na decoração é que ele começou a ser mais valorizado. 
Participaram do curso 25 alunos com a professora Rose Gervazoni, que também atua como diretora da escola Silvana Daniel em Barra do Bugres-MT. O curso foi realizado pelo Departamento de Cultura da prefeitura de Barra do Bugres-MT, coordenado por Maria Meiato. 
Assessoria de Comunicação

Nenhum comentário:

Postar um comentário