Já citei neste espaço a participação em um encontro de empresários do comércio varejista realizado na Câmara de Dirigentes Lojistas de Cuiabá com o secretário de Segurança Pública do estado, Mauro Zaque. O encontro foi motivado a partir do fechamento de uma loja de O Boticário na Avenida Fernando Correa, sucessivamente assaltada, sem solução policial. No encontro todos os empresários presentes relataram os assaltos que vem sofrendo. Paulo Gasparoto, das lojas Decorliz, por exemplo, relatou 40 assaltos no ano passado. Da City Lar a informação de que em três meses de 2015 os prejuízos com assaltos já representam metade de todo o prejuízo acumulado de 2014. E assim foram os demais depoimentos. Todos ali, sem exceção tinham um histórico de assaltos e de nenhuma resposta policial.
Ao meio das explanações levantou-se a informação de que a maioria dos empresários está contratando policiais da ativa nas folgas, ou aposentados, para terem segurança. Aos poucos, ainda se admitiu a formação de “milícias brancas” com policiais para protegerem as empresas contra os roubos. Todos admitiram que se sentem desconfortáveis com isso e de algum modo temem no futuro se tornarem prisioneiros de uma “corporação de segurança” informal e tão violenta quanto os ladrões tradicionais.
O próprio secretário de Segurança advertiu quanto ao risco. “Esse pessoal vai se tornando ambicioso e vai ficar fora do controle de vocês. Não haverá dinheiro que chegue pra vocês pagá-los”. De outro lado, o mesmo secretário avisou: “esta violência não nasceu hoje e não será eliminada de um dia par ao o outro”.
Trago o assunto porque o secretário divulgou informações no fim de semana que a violência diminuiu. Cuiabá e Várzea Grande, segundo ele, são um caso à parte, muito embora sejam onde a violência mais cresce. “Não podemos pegar um fato isolado e trazer para um contexto de todo um sistema que vem apresentando resultados positivos. Esses fatos pontuais devem ser contidos com ações contínuas, no médio e longo prazos, e novos investimentos financeiros para aquisição equipamentos de segurança, armamentos, viaturas, e estruturas de inteligência”.
Os empresários do comércio admitem o achaque de policiais em serviço oferecendo segurança. Admitem também o achaque quando não aceitam os serviços oferecidos e, frequentemente, depois da negativa sofrem assaltos. “É a ameaça velada”, confessou-me um dos empresários. Muito caminho pela frente até a segurança pública significar segurança coletiva. Até lá, milícias...!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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