
Outro foco merecedor de atenção é o desenrolar da disputa na rinha dos outsiders.
Adendo: a cada vez mais provável saída de Lula do chamado proscênio acelerará a luta pela definição da candidatura esquerdista mais viável. Todos os concorrentes desse campo ideológico estão de olho, é claro, no espólio lulopetista. Uma herança que já não parece tão portentosa assim. Formalmente, na eleição de 2016, o PT perdeu cerca de 60% das prefeituras que controlava, mas, na prática e no conjunto (dado o peso de megamunicípios como SP), isso representava 90% de sua antiga máquina de poder.Já Bolsonaro corre o risco, sim, de ver sua candidatura murchar com o afastamento do risco-Lula. Pode ser que, para se manter na crista da onda, tente persuadir o eleitorado de que ele, Bolsonaro, é o candidato que melhor encarna o zeitgeist que triunfou no Supremo Tribunal Federal na madrugada desta quarta-feira (4).
Ainda sobre a candidatura presidencial da esquerda, estou curioso para ver o desfecho da queda de braço, no PSB, entre Siqueirinha, presidente da legenda, e Joaquim Barbosa.
O segundo não aceita candidatura alguma além da presidencial. O primeiro procura se equilibrar entre os interesses da família de Eduardo Campos e dos candidatos proporcionais, que estão angustiados com a grana escassa para suas campanhas, ainda mais se forem obrigados a dividi-la com uma candidatura ao Planalto.
Agora, eu pergunto a vocês: nesta nova conjuntura, pós-STF, poderá surgir uma onda Alckmin?
Paulo Kramer é cientista político, com doutorado pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), e professor licenciado do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (Ipol/UnB). Mantém conta no Twitter em homenagem aos pensadores liberais Alexis de Tocqueville e Max Weber. É autor do vol. 65 da coleção Perfis Parlamentares, dedicado ao homem das diretas-já!, Dante de Oliveira (Edições Câmara)
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