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domingo, 23 de junho de 2019

“Fechem as portas, o Brasil vai jogar”, por Heródoto Barbeiro

Resultado de imagem para Heródoto BarbeiroEnganar a população é uma arte que vem sendo desenvolvida desde os tempos da independência. De uma forma geral vale para toda a América Latina. De um lado uma elite que iniciou sua carreira de dominação apoiada no trabalho escravo de negros e índios e a posse de grandes latifúndios ou minas de metais preciosos. Do lado Atlântico o cultivo da cana, a instalação de um sistema de produção de cana de açúcar e o resultado enviado para os financiadores que refinavam, distribuíam na Europa e ficavam com os lucros. Tocado com mão de obra escrava africana. Do lado do Pacífico as minas de prata e ouro que carregavam os navios, legais ou de contrabando, e eram os responsáveis por atender a política econômica da época, o mercantilismo, cuja matriz principal era apoiada na balança comercial favorável. Os metais serviam para compensar a falta de produtos para a venda. Tocado com a mão de obra escrava indígena, em um sistema conhecido como mitayo, ou seja trabalho sob a terra até a morte.
Com o passar dos tempos o método mudou. Era preciso o apoio da população, ainda que esta não soubesse muito bem o que estava apoiando. Mas um conflito externo era uma forma de distrair a atenção para um evento ameaçador e todos se juntavam para combater o “inimigo”. Com isso uma ditadura se mantinha, como aconteceu com a Argentina, na malfadada Guerra das Malvinas, ou como queriam os ingleses, Falklands War. O patriotismo se constituiu no pilar de apoio à ditadura militar em 1982. O governo vinha se esfacelando e precisava de alguma coisa para ao mesmo tempo juntar apoio político e distrair o povo. Atacaram o arquipélago que tinha uma pequena guarnição militar, e a distância considerável das bases militares inglesas, deram a sensação de vitória. Os ânimos anti britânicos se exaltaram e durante um curto período de tempo houve uma euforia pela vitória de uma nação contra o imperialismo da Union Jack. Durou pouco como se sabe. Pelo menos mil soldados morreram de lado a lado e as ilhas continuam falando a língua do Mr Bean.Já a ditadura brasileira recorreu a um estratagema bem mais pacífico para juntar o povo sob um ideal patriótico e de sustentação política: o futebol. No período militar a pátria estava em chuteiras, como definiu Nelson Rodrigues. “Todos juntos vamos, pra frente Brasil, salve a seleção”... dizia o hino da copa. Um grupo de mágicos futebolistas inebriou a cabeça do povo e deu apoio político até 1974. Médici quando ia aos estádios era ovacionado. Contudo, essas estratégias minguaram. Não há guerras e não há mais craques. Restou a elite política acarinhar o povo para buscar apoio político e votos com pequenos mimos. Um deles é o de suspender o trabalho em creches, escolas, postos de saúde, repartições públicas e outros órgãos durante os jogos da seleção. Qual? Tanto faz se masculina, ou feminina, de futebol ou qualquer outro esporte que seduza a opinião pública. O método mudou, mas o resultado esperado é o mesmo, apoio político e eleitoral para a próxima eleição que se aproxima, seja de prefeito, vereador ou qualquer outro cargo.
Heródoto Barbeiro é editor-chefe e âncora do Jornal da Record News em multiplataforma.

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