
A turbulência é resultado da suspensão, por 15 dias, de todos os encontros entre os detidos e suas famílias. A medida determinada pelo governo italiano é uma tentativa de impedir qualquer infecção por coronavírus dentro da prisão.O medo da covid-19 viajou mais rápido que a própria doença na província de Nápoles, onde apenas 140 pessoas tinham resultado positivo até sexta-feira (13/03) – em toda a Itália, os casos superaram 21 mil neste sábado.

Quase 8.700 detidos na Itália têm menos de um ano até concluir suas sentenças, de acordo com a ONG Hands Off Cain.
A superlotação é um problema conhecido em Poggioreale, a maior prisão do país. Em 29 de fevereiro, a unidade registrava 2.094 presos. A capacidade do local é de 1.644. Algumas alas da penitenciária estão em péssimas condições, abaixo dos padrões estabelecidos para a limpeza, de acordo com a associação Antigone, que monitora as prisões do país.
"O nível de higiene em Poggioreale é zero", diz Pietro Ioia, ativista pelos direitos dos presos da cidade de Nápoles. Ele conta que há um vaso sanitário em uma das pequenas cozinhas a que os reclusos têm acesso; se algum deles quiser cozinhar alguma coisa, deve primeiro garantir que ninguém precise ir ao banheiro.
Ioia sabe do que está falando: ex-traficante de drogas, ele passou 22 anos na prisão – seis deles em Nápoles. Ele diz que cerca de 900 detidos participaram da revolta recente devido ao coronavírus. Arrancaram cabos elétricos e canos de água e depredaram quatro alas inteiras da prisão.

Precauções necessárias
As prisões italianas agora abrigam 61.230 reclusos no espaço para 50.951 pessoas. Com essa superlotação, as infecções podem se espalhar rapidamente. "Um surto na prisão é simplesmente incontrolável, então interromper qualquer contato com o exterior era uma prioridade absoluta", disse Aldo Di Giacomo, secretário do Sindicato da Polícia Penitenciária (SPP).
Di Giacomo reconhece que a situação de segurança melhorou gradualmente depois que a Agência de Proteção Civil da Itália distribuiu 100 mil máscaras e montou 83 tendas de triagem para testar os recém-chegados. Mas ele acredita que a agitação também foi motivada por outra coisa: "Interromper as visitas significa que trazer drogas para dentro da prisão se tornou muito mais difícil."

"A medida não foi bem explicada aos reclusos, e as visitas proibidas devem ser rapidamente substituídas por medidas adequadas", diz Susanna Marietti, da associação Antigone. Normalmente, os presos podem falar com suas famílias por telefone dez minutos por semana. "Dê a eles 20 minutos por dia, e a tensão diminuirá."
Antigone, que monitora as condições das prisões italianas há 30 anos, considera improvável uma anistia geral ou um indulto no momento. Marietti, no entanto, argumenta que há espaço para outras medidas para aliviar a carga da superlotação. "Deveríamos promover a prisão domiciliar para aqueles que se comportaram adequadamente no presídio e para aqueles cujas penas acabam dentro de um curto período de tempo", propõe.
Enquanto isso, Coppola está cruzando os dedos pelo pai. Ele deveria cumprir o último ano de sua sentença em casa. "Eu nem sei se ele está ciente dessas boas notícias", diz ela.
Michele Bertelli (md)Caminho Político
Edição:Régis Oliveira
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