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sexta-feira, 27 de março de 2020

"E depois da pandemia?

Liberdade e/ou segurançaA experiência de confinamento a nível global é inédita e vai, sem dúvida, deixar marcas e, porque não, algumas lições. “Neste tempo de crise, enfrentamos duas opções importantes: a primeira é entre a vigilância totalitária e o empoderamento dos cidadãos. A segunda é entre o nacionalismo isolacionista e a solidariedade global”, Yuval Noah Harari, in Financial Times. Eu sei que ainda é muito cedo para falar do futuro, uma vez que, infelizmente, a pandemia não vai ser erradicada tão cedo e que, dizem alguns, previsões, só no fim do jogo. Mesmo assim, acho que vale a pena o exercício, embora muito mais interrogativo do que afirmativo. A primeira questão é: que mundo vamos ter depois desta catástrofe? Um mundo mais solidário, ou erguendo fronteiras e muros entre os diversos países?

O que mudou nas consciências – se é que mudou alguma coisa –, nas relações de trabalho, na economia e na política?
A experiência de confinamento a nível global é inédita e vai, sem dúvida, deixar marcas e, porque não, algumas lições.
Desde logo, a eficácia provada do teletrabalho, num teste global, que pode modificar para sempre as relações e os métodos de trabalho.
Depois, o teste à capacidade de decisão dos Governos, que pode determinar o futuro de importantes líderes políticos.
Aqui, há que realçar a ignorância de líderes como Donald Trump, Jair Bolsonaro ou Boris Johnson, que desvalorizaram – e, nalguns casos, continuam a desvalorizar – a situação, com tiradas lamentáveis como a “gripezinha”, como lhe chamou o Presidente brasileiro, dono de uma ignorância enciclopédica, e que, como D. Quixote, luta contra os moinhos de vento, querendo manter escolas abertas e desvalorizando uma pandemia que vai certamente matar muitos cidadãos do seu país.
Trump, pelo seu lado, afirmou que o “vírus da China”, como fez sempre questão de lhe chamar, não era tão grave como os chineses afirmavam. Boris Johnson, uma espécie de clone do Presidente norte-americano, optou também por medidas suaves, sendo obrigado, dias depois, a reconhecer que se vivia “a pior crise sanitária de uma geração”.
Líderes que, nas alturas cruciais, não garantem a segurança dos seus povos, não merecem os lugares que ocupam. Se os cidadãos destes países optarem por manter no poder estes políticos, têm o que merecem.
No caso português, depois das hesitações iniciais, foram tomadas medidas drásticas. Insuficientes, por tardias, criticam uns. Mas, embora o saldo final esteja longe de poder ser calculado, a verdade é que houve alguma antecipação nas medidas mais drásticas e o Governo tem evidenciado capacidade de ação e, sobretudo, de resolução da crise.
Por último, parece-me evidente que esta pandemia vai alterar a ordem de prioridade dos Governos. No caso português, seria criminoso que o SNS e as forças de segurança, entre outros setores, não passem a ser a prioridade óbvia no que respeita a investimentos, recuperando, desta forma, o atraso de muitos anos.
Quanto à mudança de consciências, no sentido do reforço da solidariedade e da fraternidade, já estou mais pessimista.
E, como sabem, um pessimista é um otimista bem informado.
Jornalista António Luís Marinho/Caminho Político

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