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sábado, 2 de maio de 2020

Dia do Trabalhador põe Lula e FHC no mesmo "palanque"

FHC abraça Lula após a morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia, em 2017Celebração virtual de 1º de maio une adversários políticos de longa data contra governo Bolsonaro. Para especialistas, ato é símbolo do isolamento político do presidente diante de sua postura em meio à pandemia. A celebração do Dia do Trabalhador, nesta sexta-feira (1º/05), organizada de forma conjunta pelas onze centrais sindicais do país, será um termômetro da tentativa de unir forças políticas variadas contra o governo de Jair Bolsonaro.
Devido à pandemia de covid-19, os discursos e shows serão transmitidos pela internet, e estarão no mesmo palco virtual adversários de longa data, como os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso. É a primeira vez que Lula e FHC dividirão o mesmo palco desde o segundo turno da eleição presidencial de 1989, quando o tucano apoiou o petista contra Fernando Collor, que acabou vencendo, segundo o jornalista Ricardo Kotscho, secretário de Imprensa do governo federal nos dois primeiros anos da gestão Lula.
A "live" das centrais também terá a presença dos governadores Flávio Dino (PCdoB), possível nome da centro-esquerda para as eleições presidenciais de 2022, e Eduardo Leite (PSDB), figura jovem em ascensão entre os tucanos; do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), a quem cabe deflagrar ou não um processo de impeachment contra Bolsonaro; e de Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT), candidatos derrotados na eleição presidencial de 2018.
Duas pessoas carregam bandeiras vermelhas em São Paulo para a celebração do Dia do Trabalhador. A foto é de 1º de maio de 2015O formato unificado da celebração da data mais importante do movimento sindical repete o modelo adotado em 2019, quando as entidades se juntaram para protestar contra a reforma da Previdência e iniciativas do governo Bolsonaro na área trabalhista. Mas a amplitude das figuras políticas que falarão é inédita.
Segundo João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, a percepção de que as centrais precisavam incluir mais forças políticas no evento surgiu em uma reunião das entidades na segunda-feira da semana passada (20/04), um dia após Bolsonaro ter participado de um ato na frente do Quartel-General do Exército, em Brasília, que pedia intervenção militar e fechamento do Congresso.
"Ali caiu uma ficha. Percebemos que estava na hora de o movimento sindical fazer algo amplo para chamar a atenção da sociedade, para defender a democracia e evitar esse projeto totalitário [de Bolsonaro]", afirma. Para ele, o evento "colocará todas as forças políticas para debater que decisão teremos que tomar sobre esse presidente".
O evento das centrais encerra uma semana de desgaste da gestão Bolsonaro, que mantém o apoio de cerca de um terço do eleitorado. Na segunda-feira (27/04), o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de um inquérito para investigar as acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro contra o presidente, e na quarta-feira (29/04) o ministro Alexandre de Moraes vetou a nomeação do delegado Alexandre Ramagem para o posto de diretor-geral da Polícia Federal.
A iniciativa de convidar políticos como FHC e Maia para o Dia do Trabalhador não foi aceita de forma unânime entre os sindicalistas. Parte dos integrantes da CUT, central próxima ao PT, não os queria no evento por considerá-los adversários dos trabalhadores. Mas a corrente majoritária que comanda a central manteve o apoio ao ato.
João Cayres, secretário-geral da CUT-SP e membro da direção nacional da entidade, afirmou à DW Brasil que o governo Bolsonaro é "muito perigoso" e que está na hora de o país "tentar uma união nacional entre os que são democratas". Para justificar o apoio da CUT ao ato, ele lembrou momentos em que adversários políticos se uniram contra um adversário comum. "Para acabar com a ditadura, nos unimos a um ex-ministro do regime militar [Severo Gomes] e a um fazendeiro alagoano [Teotônio Vilela]. E, com exemplo mundial, [Winston] Churchill, [Franklin] Roosevelt e [Josef] Stalin se uniram para combater o nazismo", afirma.Há também um aspecto pragmático que favorece a reunião de políticos tão diversos no mesmo evento. Cada central sindical foi autorizada a convidar quem desejasse, desincentivando vetos a nomes. A CUT, ligada ao PT, convidou Lula e Haddad. Já a Força Sindical, que tem maior trânsito na centro-direita, convidou FHC e Eduardo Leite. Além disso, o formato online facilita a participação de políticos que teriam receio de enfrentar vaias em um evento presencial.
Um ensaio da aproximação entre PSDB e PT para o enfrentamento da pandemia se deu em mensagens postadas por Lula e o governador de São Paulo, João Doria, no Twitter, no início do mês. O petista elogiou uma iniciativa do tucano para garantir o fornecimento de máscaras para trabalhadores do setor de saúde, ao que Doria respondeu reafirmando que este deveria ser um momento de união da classe política.
O simbolismo do ato
O evento do Dia do Trabalhador deste ano é um "símbolo" de como a postura de Bolsonaro, que nega a gravidade da covid-19 e trocou o ministro da Saúde em meio à pandemia, levou à criação "de uma certa coalizão oposicionista mais ampla", afirma a cientista política Monalisa Soares, da Universidade Federal do Ceará (UFC).
"A pandemia realinhou todo mundo, inclusive lideranças de centro-direita, do PSDB e do DEM, que caminhavam de forma dúbia em relação ao governo, especialmente devido à agenda econômica", diz.
Para ela, as centrais aproveitaram a oportunidade para fortalecer o discurso "de que não há como pensar a economia sem salvar as pessoas, e de que não há uma oposição entre esses termos, como vem sido colocado pelo presidente". O próprio formato do evento, online, também marca uma diferença em relação aos apoiadores de Bolsonaro, que seguem fazendo manifestações de rua pontuais e carreatas e provocando aglomerações.
Soares pondera que a presença de partidos opositores no Dia do Trabalhador não necessariamente se traduzirá em ações conjuntas contra o governo no futuro, e que ainda há pouca clareza sobre os desdobramentos de um eventual processo de impeachment contra Bolsonaro.
A cientista política Flávia Bozza Martins, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), também é cautelosa quanto ao potencial de união de partidos de linhas variadas em oposição ao governo.
"Ainda é cedo para falar nisso. Vemos uma movimentação também a favor de Bolsonaro, temos o presidente conversando com o Centrão, e as últimas falas de Maia vieram para botar panos quentes em relação a um possível impeachment", afirma.
Mas ela vê mérito em lideranças políticas relevantes do país participarem do ato de 1º de maio para tentar "colocar um freio" a iniciativas de Bolsonaro, paralelamente a decisões do Supremo que buscaram impor limites ao presidente e autorizar uma investigação contra ele. "Além da defesa da saúde e dos trabalhadores, o evento mostra que há líderes alinhados em defesa das instituições democráticas", diz.
Bruno Lupion/Caminho Político
Edição: Régis Oliveira

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