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quinta-feira, 4 de junho de 2020

"Antifa" é centro de debate há um século na Alemanha

Bandeira antifascista durante protesto contra o racismo nos EUAMovimento que Trump ameaçou declarar terrorista nasceu no período entreguerras e nunca desapareceu totalmente da cena alemã. Hoje, ele se associa a diferentes causas, o que torna difícil uma definição precisa.A declaração do presidente americano, Donald Trump, ameaçando denunciar o movimento "antifa" como organização terrorista nos Estados Unidos pode ter deixado muita gente confusa. E há razões históricas para tal. Na Alemanha, país onde o movimento nasceu, políticos, imprensa e o público em geral há cerca de um século buscam uma forma de se referir a ele, mas sem que tenham se aproximado de uma definição incontestável.
O que "antifa" significa é simples em alemão: é a abreviação de antifaschistisch, ou antifascista. Levado ao pé da letra, o termo poderia se aplicar a quase todos os cidadãos alemães e a políticos.
Mas será que "antifa" se refere a todos aqueles que se opõem ao fascismo ou apenas aos anarquistas e esquerdistas que, vestidos de capuzes e máscaras negras, encaram e desafiam a polícia alemã nas ruas?
O último grande confronto alemão envolvendo manifestantes "antifa" foi em Hamburgo, na cúpula do G20 em 2017. As cenas rodaram o mundo.
Passado comunista
A bandeira antifa ganhou com o tempo várias versões: nesta, a cor preta se sobressai sobre o vermelhoO verdadeiro significado da palavra "antifa" é centro de um debate complexo na Alemanha desde que o Partido Comunista da Alemanha (KPD) adotou a frase "ação antifascista" e o logotipo com duas bandeiras para a campanha eleitoral de 1932. Desde o início da década de 1920, eles pressionavam por uma "antifaschistische Aktion" (ação antifascista) interpartidária.
O KPD tentou se retratar como o único partido verdadeiramente "antifascista" na última eleição livre da República de Weimar, a qual o NSDAP de Adolf Hitler não venceria completamente, mas, mesmo assim, levaria os nazistas ao poder.
A incapacidade do KPD, dos social-democratas e de outras forças democráticas de trabalharem em conjunto, apesar de garantirem mais votos combinados do que o NSDAP, ajudou Hitler a tomar o controle da Alemanha. Em pouco tempo, os nazistas desmantelariam e ilegalizariam sistematicamente os dois maiores partidos de esquerda.
Muitas das principais figuras do KPD no período entreguerras iriam, mais tarde, governar a Alemanha Oriental (RDA) durante a Guerra Fria. O partido governista da Alemanha comunista, o SED, usaria "antifascista" quase como sinônimo de socialista quando falava de seu governo.
Até Bernd Langer, autor de um livro simpático ao movimento antifascista na Alemanha, observa que o anticapitalismo sempre foi entendido como um componente central do movimento entre seus apoiadores mais fervorosos.
Guerra Fria
No início da Guerra Fria, na Alemanha Ocidental o movimento perdeu força, mas começaria a se recuperar em cidades tradicionalmente de esquerda, como Hamburgo e Berlim, nos anos 70 e 80. As principais raízes estavam na cena de ocupações de imóveis e no movimento estudantil de esquerda, que se autodenominava a "oposição extraparlamentar".
Com a Reunificação, o movimento retomou o ritmo, ganhando também um impulso de maior filiação a causas modernas como o movimento antiglobalização ou os protestos contra as mudanças climáticas.
Mas pensar no movimento "antifa" como uma coisa única seria errôneo. Muitos grupos de extrema esquerda e autonomistas se identificam em maior ou menor grau com o rótulo "antifa", muitas vezes também abraçando o anarquismo e meios não políticos de oposição e protesto.
Por exemplo, grupos alemães modernos que se identificam como "antifa" incluem antissionistas, para consternação de algumas facções rivais, que argumentam que isso é indesculpável devido à história da Alemanha.
Bandeiras
Para se ter uma ideia da extensão da divisão, os grupos "antifa" não nem mesmo concordam sobre a forma do logotipo. O original do KPD nos anos 30 era formado por duas bandeiras vermelhas (socialistas), soprando para a direita, com os mastros da bandeira à esquerda.
A maioria agora mostra as bandeiras soprando para a esquerda. E provavelmente a versão mais comum agora torna a bandeira inferior preta, e não vermelha, como um aceno para o elemento anarquista do movimento e para o lado socialista.
Alguns preferem usar a cor preta na bandeira maior e na área da borda, com uma bandeira vermelha menor ao fundo. O consenso realmente não é o ponto mais forte do movimento.
A agência de inteligência interna da Alemanha descreve o movimento "antifa" como o "principal campo de agitação" para os grupos autonomistas de esquerda. Ele observa que alguns adeptos do movimento apoiam também "ações militantes, que visam principalmente os adversários políticos, especialmente supostos ou comprovadamente 'nazistas'. Isto pode muitas vezes resultar em danos consideráveis à propriedade, mas também às vezes a indivíduos". O tipo de público que toma parte em manifestações ou eventos organizados por grupos "antifa" varia de acordo com a pauta. Protestos menos controversos podem atrair participantes simpáticos que não necessariamente se definiriam como anarquistas ou de extrema esquerda. Muitas vezes os grupos "antifa" alemães conseguem maior adesão ao organizar contraprotestos contra a extrema direita.
Discussão renovada
A ameaça de Trump de classificar os grupos "antifa" dos EUA, muito mais novos e igualmente díspares, como terroristas já provocou um debate político na Alemanha no passado, mas não na medida em que se viu nesta semana.
A deputada Saskia Esken, uma das chefes do Partido Social-Democrata (SPD) alemão, respondeu à ameaça de Trump, descrevendo-se em um breve tuíte como: "58 e antifa. Obviamente". Uma conta do SPD no Twitter respondeu a Esken com um "157 e antifa. Obviamente", em referência à idade do partido.
As declarações Esken encontraram eco em outros nomes do SPD, mas políticos de outros partidos a criticaram duramente.
Paul Ziemiak, secretário-geral da CDU, partido de Angela Merkel, destacou o lado mais polêmico do "antifa" em sua resposta: "Contra o fascismo, a favor da democracia e dos direitos humanos. Sem violência. Obviamente, para mim. É triste que a presidente do SPD não tenha força para se diferenciar".
A ala jovem da aliança CDU/CSU, de Merkel, a Junge Union (fundada em 1947), deu, sem dúvida, a resposta mais criativa, escrevendo: "73 e horrorizada."
O político do Partido Verde Konstantin von Notz, por sua vez, preferiu apontar a ambiguidade do debate, ao citar um dos nomes mais famosos dos conservadores, em resposta à Junge Union. "Mesmo [o ministro do Interior Horst] Seehofer já se descreveu, na Comissão Parlamentar de Assuntos Internos, como um antifascista. Como é certo e apropriado. O que você está escrevendo ou é um pouco obscuro ou é revisionismo histórico – ou possivelmente ambos."
A resposta posterior de Esken trouxe o debate para um círculo maior. "Antifa não é uma organização. O antifascismo é um ponto de vista que todos os democratas devem obviamente apoiar", escreveu a deputada social-democrata.
Até mesmo o dicionário Duden, referência na língua alemã, mergulhou na ambiguidade. Sua edição online define "antifaschismus" (antifascimo) como "o conjunto dos movimentos e ideologias que se opõem ao fascismo e ao nacional-socialismo".
Procure simplesmente "antifa", no entanto, e seu portal online não fornece exatamente uma definição. Descreve-o apenas como uma abreviação de "Antifaschismus" ou de "antifaschistische Aktion". E a maioria das pessoas na Alemanha, "antifa" ou não, provavelmente concordaria que há uma diferença profunda entre as duas coisas.
Mark Hallam/Caminho Político

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