Os livros sempre trazem Tereza como a escrava que virou rainha, mas sabemos que ela de fato já era rainha, de dinastia africana, conforme estudiosos da temática debruçam em documentos, evidências e memória da comunidade. Tereza de Beguela, era companheira de José Piolho, seu companheiro fundou o chamado “ Quilombo Grande ou Quilombo do Piolho” que mais tarde seria renomeado de Quariterê. A líder, Rainha Tereza, agregava muitas pessoas no quilombo. Tinham muitos negros, mas também muita população nativa e brancos que cometeram crime de lesa Coroa.
Eu poderia citar inúmeros pesquisadores, mas vou valorizar aqui o trabalho de uma pesquisadora negra e de um pesquisador negro, ambos filhos de Vila Bela da Santíssima Trindade, Professora Pesquisadora Doutoranda Silviane Ramos Lopes da Silva( SEDUC/MT) e Professor Pesquisador Dr. Acildo Leite da Silva ( UFMA) (filhos dessa querida comunidade quilombola), respectivamente. Os estudos desses pesquisadores nos fazem refletir o quanto é importante aprendermos sobre nós, sobre a história invisibilizada, sobre o silenciamento das vozes, e sobre o discurso racista em torno das mulheres negras.
Como admirador da comunidade de Vila Bela e da garra pulsante de suas mulheres, saliento que é importante buscarmos nossos tesouros, sejam pesquisadores da terra, sejam as histórias silenciadas… precisamos saber sobre nós! Mais que ser rainha, eu atrevidamente destaco que tereza deixou o legado de enfrentar, batalhar e agregar. Isso é muito presente e latente nas mulheres da comunidade vilabelense.
Mais que reproduzir que o quilombo foi destituído por brancos e bandeirantes que queriam destronar a rainha, devemos fazer o exercício de vislumbrar por quanto tempo essa rainha enfrentou e manteve resguardado seu povo negro. Além do excedendente de produção existente no quilombo. Reler a história pelas lentes de quem a ressignifica com a propriedade da vivência, o exercício da pesquisa, e com o axé peculiar das mulheres negras.
A força ancestral de Tereza de Benguela, está presente em cada mulher mato grossense, que descortina as histórias silenciadas e segue de punho cerrado combatendo o bom combate.
Manoel Silva é jornalista, presidente do conselho estadual da promoção e igualdade racial, membro do comitê estadual de enfretamento ao trafico de pessoa e conselheiro estadual da juventude
Nenhum comentário:
Postar um comentário